quarta-feira, 12 de junho de 2013

KOO ATACA DE NOVO




Em 27 de dezembro de 2011 (como o tempo passa!), assinalei num post designado de “Aprender com o Japão” a importância de um artigo assinado pelo economista japonês Richard C. Koo, economista-chefe do Nomura Research Institute, intitulado The world in balance sheet recession: causes, cure, and politics”.
A chamada recessão de balanço é um conceito introduzido por R. Koo para designar as crises recessivas que se seguem a uma situação de bolha financeiro-imobiliária. Uma parte significativa do setor privado (famílias e empresas) é atingida pela descida acentuada do valor dos seus ativos (reais e financeiros) e inicia por isso um processo de poupança e/ou de pagamento de dívidas, reduzindo substancialmente a procura interna por via da contração das despesas de consumo e de investimento. Quando por razões circunstanciais ou de má política económica, a desalavancagem do setor privado vem acompanhada pela desalavancagem do setor público e consolidação fiscal abrupta, as economias mergulham num perigoso défice de procura, aprofundando a recessão. Esta interpretação constituiu em meu entender uma das mais originais explicações para o diferimento da recuperação da crise de 2007/98, não tendo vá lá saber-se porquê um eco significativo no debate nacional. O mesmo não aconteceu na imprensa económica especializada de tiragem mundial.
Ora, as teses de R. Koo têm regressado à blogosfera, muito na sequência de um novo artigo de março de 2013 agora focado na resposta necessária dos bancos centrais a uma recessão de balanço - “Central Banks in Balance Sheet Recessions: A search for Correct Response”. Este artigo tinha sido antecedido por uma nota do Nomura Research Institute de Janeiro do presente ano.
O interesse fundamental do artigo reside na incorporação de toda a evidência empírica acumulada desde fins de 2011 até ao presente. Hoje, é visível que a evolução da base monetária e a descida das taxas de juro continuam a coexistir com muitos baixos níveis de crédito às economias, deflação (como no Japão) e recessão generalizada.
Os números recolhidos por R. Koo evidenciam como o setor privado das principais economias desenvolvidas continua a poupar ou pagando dívidas apesar das taxas de juro praticamente nulas. Neste contexto, isso significa que a poupança adicional não encontra procura, não reentra na economia e gera um desvio deflacionário nas economias mais atingidas pelo problema. Esta situação explicaria ainda por que razão a política monetária tende a ser inefetiva, ou seja o tão propalado “quantitative easing” está longe de produzir os seus efeitos e traduzir-se em crédito efetivo à economia.
Vale a pena seguir as réplicas deste artigo. Não é por acaso que ele vem de um economista japonês.

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