terça-feira, 25 de junho de 2013

JORGE ALMEIDA FERNANDES


É para mim um mistério que um homem com a qualidade, a competência, a seriedade e o conhecimento de Jorge Almeida Fernandes (JAF) consiga passar tão despercebido no seio da nossa vida coletiva. Só enxergo duas razões possíveis, e não mutuamente exclusivas: ou a de que ele não está para nos aturar ou a de que a sociedade portuguesa seja ainda mais medíocre do que aquilo que parece.

Pela minha parte, não dispenso o recurso às suas análises, de há alguns anos a esta parte regularmente disponíveis no “Público”, onde é redator principal na secção Internacional. O que explica aos leitores nestes deliciosos termos: “Estava eu tranquilo na vida, já fora do jornalismo, sem nunca ter mexido num computador, trabalhando em revistas científicas, lendo livros, jornais e com tempo para ir ao cinema, e sou imperativamente requisitado para dirigir “a mais perigosa” secção do PÚBLICO, o Internacional, em rebelião contra um editor – foi o que me disseram ao entrar. Era falso, como é típico da especulação jornalística. A equipa recebeu-me com simpatia e rapidamente recaí no vício de que me pensava curado. Enfim: convidado by default, tal como antes me tornara jornalista by default, por só pensarem que sabia escrever. Caro leitor, sou o Mr. By Default.”

Mas eu já sou do tempo em que JAF era diretor interino do “Gazeta da Semana” (dirigido pelo grande João Martins Pereira e contando com jornalistas como Adelino Gomes, Joaquim Furtado e José António Salvador), onde nos presenteou semanalmente (entre abril de 1976 e janeiro de 1977) com perspetivas tão enriquecedoras quanto estimulantes sobre a realidade que nos ia envolvendo e com um contracorrente foco na respetiva dimensão externa. E lembro com saudade a expectativa com que aguardava a chegada do jornal às bancas (ou, por vezes, às mãos temporalmente mais avançadas do Carmona e do Zé Manel, então alunos da FEP) e o imenso prazer da sua leitura, com sublinhados e tudo.

Os tempos de hoje são outros, mas mantenho em relação a JAF a frequência assídua e a fruição plena. Bem-haja!

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