Convidada para a 29ª edição do Círculo de
Economia em Espanha (Sitges), Carmen Reinhart prossegue a persistente tentativa
de se libertar (e a Kenneth Rogoff também) do anátema de terem sido associados
a uma pretensa racionalização das políticas de austeridade pela austeridade
como forma de superação da crise das dívidas soberanas.
“Pergunta: Um corte da dívida
não seria estigmatizante para Espanha?
Resposta: Compreendo a resistência para abordar uma reestruturação
da dívida soberana, mas a história diz-nos que todas as crises bancárias se
resolvem com cortes, não pagamentos e reestruturações. Isso também pode
acontecer com leis internas. Nos EUA o processo de execução de hipotecas foi
muito desagradável, mas ajudou a reduzir a dívida das famílias. As pessoas
ficam sem casa mas também sem dívida e isso em Espanha não é assim.
Pergunta: Qual deve ser o papel do BCE?
Resposta: Pode ajudar imenso neste processo. Entendo que a compra
de dívida privada esteja fora do seu mandato tradicional, mas também a Reserva
Federal só comprou títulos do tesouro e nos últimos anos inundou-se de títulos
garantidos por hipotecas. O BCE tem uma posição que lhe permite expandir o seu
apoio dos títulos soberanos para a dívida bancária sénior, que constituiria uma
injeção de crédito em instituições que dele necessitam desesperadamente.
Pergunta: Isso seria mais eficaz que a ausência de limites à
liquidez?
Resposta: Sim, porque o mecanismo de transmissão falha. O BCE
começou com a convicção de lutar contra a inflação. Já não vivemos nesse mundo,
o risco de colapso é maior por via do desemprego do que pelo da inflação. O que
defendo não é uma heresia, mas apenas crédito dirigido.”
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