Há uma forte controvérsia sobre o alcance da
comunicação digital em termos da relevância do “face to face”. Há quem pense que por mais sofisticada que a
comunicação digital possa apresentar-se ela nunca substituirá a comunicação
presencial que resulta da interação entre duas pessoas, olhos nos olhos, frente
a frente, expressiva, cheia de primeiros, segundos e terceiros sentidos, por
vezes imperfeita, mas física, plenamente física. Mas há quem pense que, por via
da comunicação digital, sobretudo a que se concretiza entre grandes grupos de
pessoas, há aspetos em regra imputados ao “face
to face” presencial que podem transmitir-se apenas com a presença digital e
não com a irredutibilidade física. É o caso, por exemplo, do ruído e mexericos
artísticos (buzz na expressão
anglo-saxónica), crucial como material informativo de algumas indústrias
culturais e que está demonstrado circula em redes de comunicação digital que não
se concretizam sob a presença física dos que nela participam.
Esta é a expressão da teoria. Vejamos agora uma
aproximação ao tema por via da afetividade.
Sempre que a vida profissional e familiar nos
permite estadias mais prolongadas em Lisboa aproveitamos essa benesse do tempo
para conviver mais diretamente com o crescimento fascinante do nosso neto
Francisco. Nesses momentos de rara fruição da vida, apercebemo-nos que a
comunicação digital quase diária via Skype é permanentemente retribuída pela
interação física desses raros momentos. Ou seja, a comunicação digital via
Skype não substitui a fruição da interação física mas não a penaliza e mantém viva
a chama do conhecimento.
Os avós Skype resistem, o digital permite manter
viva uma presença que mesmo pontualmente a interação física permite depois
atingir a fruição plena dos afetos.
Por estas e por outras razões, tenho uma
perspetiva positiva da tecnologia, que não se circunscreve ao espantoso
incremento de bem estar material.
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