domingo, 5 de outubro de 2014

ÚLTIMOS ECOS DE DUBLIN: onde se fala de realismo científico na avaliação, de hurling e de criatividade no artesanato

(Ray Pawson)
(Frans Leeuw)


De regresso a casa e já de novo “on the road” para a Conferência na Fundação Calouste Gulbenkian sobre políticas públicas (segunda e terça feira), onde apresentarei um artigo elaborado em colaboração com a minha amiga Elisa Babo, deixo alguns registos de Dublin e da curta visita de sábado à Irlanda mais profunda, neste caso Kilkenny.
Em primeiro lugar, um registo de satisfação pela manhã de sexta feira na conferência da European Evaluation Society, com uma sessão paralela (que se tornou sessão quase plenária tal foi o número avassalador de presenças na sessão), dedicada a uma reflexão/avaliação sobre o estado atual de uma das correntes mais decisivas das teorias da avaliação, a avaliação realista (realistic evaluation). O título da sessão dava o mote certo: “Is Realist Evaluation Keeping its Promise?”.
E não era uma sessão qualquer. A orientação da discussão cabia ao “pai inquestionável” do realismo em matéria de avaliação (Ray Pawson), em grande forma para uma sessão extremamente informal não deixando de ser profunda, envolvendo pequenos testemunhos de alguns dos grandes expoentes da investigação sobre avaliação: Elliot Stern e a sua protegida Ana Manzano, Gary Henry, Brad Astbury, Frans Leeuw, Gill Westhorp, Patricia Rogers, Nicoletta Stame, Mel Mark e Sanjeev Sridharan.

A sessão era marcadamente simbólica já que na 1ª conferência da EES em 1994, em Haia, Pawson e Tilley apresentaram um artigo que haveria de fixar o paradigma realista (An introduction to scientific realist evaluation). Vinte anos depois, a discussão realizada mostrou que o realismo na avaliação está vivo e ainda com grande potencial de desenvolvimento. Do ponto de vista do meu interesse pessoal, a relação “mecanismos – contexto – resultados”, qualquer que seja a ordem do seu desenvolvimento, é cada vez mais o centro e o futuro da avaliação e como guia do meu trabalho futuro ele terá de passar por aprofundar e operacionalizar o conceito de mecanismos em programas. Oportunidade talvez para um próximo artigo.
Uma curta introdução de Pawson ao realismo na avaliação pode ajudar a compreender a sua importância.
No sábado de lazer, deu para uma curta digressão (com o prazer de viajar num austero e eficiente comboio irlandês) até Kilkenny, que dista cerca de 125 kilómetros de Dublin.
Nesta simpática cidadezinha medieval, deu para perceber que estava no coração do hurling irlandês (os Cats de Kilkenny são campeões nacionais irlandeses e a cidade evidencia-o sem equívocos). O hurling é um misto espantoso de hóquei em campo e andebol, jogando-se num campo com baliza e guarda- redes, com trave do tipo râguebi e uma espécie de stick que está a meio caminho entre o stick de hóquei em campo e uma raquete variante da pelota basca. Vale a pena ver.

Outro registo de Kilkenny que está a generalizar-se por toda a Irlanda é o do crescimento vertiginoso da criatividade no artesanato, com relevo para os têxteis. O Kilkenny Design Center, ao qual se associa o Crafts Council of Ireland e a National Craft Gallery, valem uma visita e o seu restaurante Anocht promete.


E mesmo em frente uma surtida pelos lawns do Kilkenny Castle são de tirar a respiração.
Hoje, no regresso, uma viagem de táxi entre o Sá Carneiro e Vila Nova de Gaia custou-me 35 euros, mais 5 euros do que praticamente idêntico trajeto em Dublin até ao aeroporto. Dá que pensar numa cidade como Dublin, marcadamente de serviços e relativamente cara.
Gostei em Dublin do modo como o Trinity College mistura a população estudantil e a vida da própria instituição com a população designadamente turistas. Almoçar no Flux Café na Science Gallery é uma excelente experiência.

Sem comentários:

Enviar um comentário