(Nicolás
Aznárez, http://elpais.com)
Consultando o inqualificável Orçamento de Estado que Albuquerque ontem levou à Assembleia da República, confirmo uma ideia que cresce na minha cabeça: não há solução para “Isto” sem uma profunda mudança de chip.
Portugal é hoje uma pequena economia dita aberta – aberta-sim na medida em que a sua margem de manobra é largamente função do seu desempenho exportador, mas aberta-não na medida em que é comparativamente baixo o peso relativo das suas exportações no PIB –, com baixos níveis relativos de produtividade, sem moeda própria, marcadamente empobrecida, significativamente desigual e fortemente endividada. Perante este estado de coisas, que nos remete para mínimos de capacidade de atuação imediata se raciocinarmos em termos de estrita ortodoxia económica e política, o que podemos realmente fazer que não seja procurar caminhos alternativos, i.e., tentar “sair da caixa”?
Dou um exemplo: estou tão certo das implicações destrutivas da atual construção da União Económica e Monetária quanto estou longe de estar convencido das vantagens de uma saída do Euro. Dito isto, e não obstante, a primeira das referidas certezas não pode ficar-se pela constatação intelectual e pela espera mais ou menos expectante, antes tem de dar lugar a reflexões judiciosas orientadas para a ação e reação. Ando a ler um livro interessante, que encontrei nos escaparates da “Librairie Européenne”, no qual quatro jovens jornalistas franceses de diferentes áreas ideológicas se juntam em busca de soluções para uma crise europeia sem precedentes e terminam propondo “um regresso às moedas nacionais, reunidas no seio de uma moeda comum” e procurando demonstrar como tal poderia fazer-se sem provocar catástrofes descontroladas. Repito: não se trata de sustentar a modalidade específica em causa, trata-se isso sim de acarinhar e replicar esforços deste tipo. Ousar depois de estudar, sem dogmas nem tabus.
Portugal é hoje uma pequena economia dita aberta – aberta-sim na medida em que a sua margem de manobra é largamente função do seu desempenho exportador, mas aberta-não na medida em que é comparativamente baixo o peso relativo das suas exportações no PIB –, com baixos níveis relativos de produtividade, sem moeda própria, marcadamente empobrecida, significativamente desigual e fortemente endividada. Perante este estado de coisas, que nos remete para mínimos de capacidade de atuação imediata se raciocinarmos em termos de estrita ortodoxia económica e política, o que podemos realmente fazer que não seja procurar caminhos alternativos, i.e., tentar “sair da caixa”?
Dou um exemplo: estou tão certo das implicações destrutivas da atual construção da União Económica e Monetária quanto estou longe de estar convencido das vantagens de uma saída do Euro. Dito isto, e não obstante, a primeira das referidas certezas não pode ficar-se pela constatação intelectual e pela espera mais ou menos expectante, antes tem de dar lugar a reflexões judiciosas orientadas para a ação e reação. Ando a ler um livro interessante, que encontrei nos escaparates da “Librairie Européenne”, no qual quatro jovens jornalistas franceses de diferentes áreas ideológicas se juntam em busca de soluções para uma crise europeia sem precedentes e terminam propondo “um regresso às moedas nacionais, reunidas no seio de uma moeda comum” e procurando demonstrar como tal poderia fazer-se sem provocar catástrofes descontroladas. Repito: não se trata de sustentar a modalidade específica em causa, trata-se isso sim de acarinhar e replicar esforços deste tipo. Ousar depois de estudar, sem dogmas nem tabus.
(Napi, http://www.eleconomista.es)
Volto ao assunto inicial, explicando-me ainda de outra forma. É claro que é determinante a ideia que Costa tem vindo a veicular sobre “uma agenda para a década”, diria até que será em torno desta espécie de “preparação do futuro” que a próxima governação efetiva deverá verdadeiramente focar-se. Mas é também claro que temos de conseguir chegar vivos a esse futuro, e isso é algo que já não acredito que logremos numa lógica de business as usual dominada por jogos de décimas e contra-décimas, de cortes e reposições, de défices e dívidas. Ou seja, alguém ao mais alto nível vai ter de se ocupar em fazer política a sério, tratando em simultâneo e com igual minúcia o plano da mobilização e do relacionamento institucional internos e a dimensão dos condicionamentos, das alianças e dos fatores externos.
Eduardo Ferro Rodrigues, em boa hora acabado de regressar, já trouxe algum arejo ao discurso da Oposição. Por exemplo, quando declarou preto no branco: “Não se pode, evidentemente, ao mesmo tempo, defender o progresso do Serviço Nacional de Saúde, defender o progresso da escola pública, defender o progresso na capacidade da proteção social e depois ter promessas desbragadas em matéria de diminuição dos impostos”. Mexido este primeiro membro, o do realismo ou da limitação das expectativas, faltará ao PS de António Costa começar a movimentar o segundo, o do terreno concreto e o da diplomacia ativa a nível europeu e internacional.
A via é muito estreita, mas talvez não necessariamente intransitável...
Eduardo Ferro Rodrigues, em boa hora acabado de regressar, já trouxe algum arejo ao discurso da Oposição. Por exemplo, quando declarou preto no branco: “Não se pode, evidentemente, ao mesmo tempo, defender o progresso do Serviço Nacional de Saúde, defender o progresso da escola pública, defender o progresso na capacidade da proteção social e depois ter promessas desbragadas em matéria de diminuição dos impostos”. Mexido este primeiro membro, o do realismo ou da limitação das expectativas, faltará ao PS de António Costa começar a movimentar o segundo, o do terreno concreto e o da diplomacia ativa a nível europeu e internacional.
A via é muito estreita, mas talvez não necessariamente intransitável...
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