segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ONDE SE FALA DE CRISE E DE DÍVIDA


Só agora me chegou às mãos o mais recente livro de Martin Wolf, pelo que ainda não o li na totalidade com a devida atenção. Mas diz quem já o fez, e especialmente as recensões feitas por dois dos mais reputados economistas não ortodoxos americanos (Stiglitz e Krugman) mas também Summers e Rogoff ou Ben Bernanke e Mervyn King, que a obra tem muito por onde nos entreter de modo intelectualmente desafiante. Assunto para novas visitas, pois.

Em todo o caso, aqui fica desde já um aperitivo estimulado por um excerto da leitura de Krugman para a “The New York Review of Books”, muito sugestivamente intitulado “Porque Não Tocaram as Campainhas de Alarme?” e baseado no eloquente gráfico seguinte. Apoiando-se no principal contributo de Minsky para a Teoria Económica, a sua “hipótese da instabilidade financeira” enquanto caraterística incontornável do sistema capitalista, e referenciando a precursora debt deflation de Irving Fisher, o autor sublinha nomeadamente: “Mapeando esta história nas últimas poucas décadas da história económica americana é fácil e persuasivo. Desde meados dos anos 80 até 2007, a economia americana experimentou de facto uma era de relativa acalmia económica e isto induziu, por sua vez, um caso muito mau de complacência, sobretudo entre os decisores de política. Em 2004, Ben Bernanke fez um discurso influente louvando a ‘grande moderação’ da economia, o que ele considerou um provável fenómeno duradouro, em parte porque refletindo a excelência da moderna política macroeconómica. ‘Isto parece agora pitoresco’, sublinha Wolf; eu teria usado uma palavra mais forte. O que agora sabemos, e devia ter sido óbvio até ao tempo, é que a estabilidade superficial da economia americana assentava num aumento insustentável da dívida. O gráfico abaixo, que reproduz um dos gráficos de Wolf, conta a fábula: a dívida privada cresceu e cresceu, tornando a economia cada vez mais vulnerável para um momento Minsky. E o momento chegou. Retrospetivamente, a complacência quer de decisores de política quer de investidores em face da visível tendência deste gráfico é assinalável. Porque não tocaram as campainhas de alarme?”. 

Fico-me por aqui de momento. Mas não saio deste post sem pedir ao leitor que volte a olhar para a imagem aqui abaixo: impressionante, não é?

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