domingo, 26 de junho de 2016

A SAGA DOS VITORIOSOS EMPATAS




(Ou como estou a chegar à conclusão que Fernando Santos construiu uma seleção em linha com os traços mais profundos de comportamento do País)

Com aquele ar de aparente enfado permanente e de devoção ao Altíssimo, estou a chegar à conclusão que FS construiu uma seleção que respeita e se acomoda aos nossos traços mais profundos de comportamento. O jogo de ontem assentou no reconhecimento da superioridade global da Croácia como equipa feita também de individualidades. FS terá compreendido que assumir superioridades e rematar até à exaustão não está no nosso ADN futebolístico. Por isso, era necessário sobretudo evitar que a Croácia jogasse, cortando as vazas aos seus principais artistas. E tenho de reconhecer, chapéu a FS, sim um grande e reconhecido chapéu, que obrigar o ego grande de Ronaldo a penar entre quatro defesas, muito afastado dos colegas atrás, é de grande líder. Fica para o segredo dos deuses se a pequena revolução (grande para a maneira de agir de FS) feita na equipa foi fruto de maleitas físicas ou se o resultado de uma opção assumida.

É claro que se o albino-croata, Vida de seu nome, tivesse um bocadinho de jeito mais para estas coisas do futebol, estaríamos hoje a carpir mágoas de um afastamento penoso para a nossa diáspora.

(Já agora não haverá outra matéria para se aproveitar a generosidade desta diáspora que até deve doer às elites portuguesas?).

O fim do prolongamento foi terrivelmente esclarecedor. Perisic obriga Patrício a uma grande defesa, ainda ajudado pelo poste, e a partir daí a quadriga inventiva da seleção, Renato, Nani, Ronaldo e Quaresma (pela ordem de intervenção na jogada) constrói a redenção, lindo de se ver como contragolpe depois de um apuro de dificuldades ao pé do abismo.

Acho que esta jogada e todo o contexto em que ela se desenrola pode ser uma metáfora do nosso futuro pelo menos próximo.

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