sábado, 4 de junho de 2016

AVARIA NO MOTOR AMERICANO?




(Os dados de criação de emprego não agrícola nos EUA relativos ao mês de maio, pelo abaixamento de expectativas que suscitam, trazem múltiplas implicações e a mais importante não será a das eleições americanas)

Os 38.000 empregos criados no mês passado constituem o pior desempenho mensal dos últimos 5 anos da economia americana e trazem inevitavelmente implicações a vários níveis. Para além do indicador criado, o comportamento da taxa de participação da força de trabalho alinha pelo mesmo diapasão (ver gráfico abaixo). Depois de uma ligeira recuperação observada após um longo declínio, o comportamento de declínio parecer ter retomado a sua senda anterior.


Múltiplas implicações.

Em primeiro lugar, o inenarrável Trump encarregar-se-á naturalmente de utilizar este mau desempenho para zurzir na governação democrata e assim atingir a candidata Hillary, para já não falar no efeito que estes números tenderão a provocar na já implantada divisão do eleitorado democrata. Do candidato Trump tudo é de esperar e prendas desta natureza são verdadeiro combustível.

Em segundo lugar, uma economia mundial carenciada de motores e com a generalidade dos candidatos a essa função em situação de avaria necessitaria de uma economia americana mais pujante.

Em terceiro lugar e para mim a implicação mais relevante, o fraco desempenho do mercado de trabalho americano apesar do valor relativamente baixo (por comparação com a União Europeia, por exemplo) mostra como quão precipitada pode ter sido a decisão do FED USA de subir taxas de referência, sempre com a fobia inflacionária a comandar o impulso para introduzir restrições por via da política monetária. E mostra sobretudo como a taxa de desemprego constitui neste momento um indicador bastante insuficiente como medida da situação económica global.

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