quinta-feira, 2 de junho de 2016

AMADEO NO GRAND PALAIS



Não estou, obviamente, à altura de validar uma observação feita pelo pintor Manuel Cargaleiro (90 anos) a Eduardo Marçal Grilo segundo a qual a exposição “Amadeo de Sousa-Cardoso” no “Grand Palais” corresponderá ao maior acontecimento cultural português em Paris no espaço de um século. Mas estou, isso sim, em condições de garantir a imensa qualidade da mesma e o prazer enorme que tive em a percorrer detalhadamente na tarde do passado Sábado. Espera-se que esta apresentação parisiense de Amadeo, “o segredo melhor guardado da arte moderna”, possa ficar a marcar um ponto de viragem para uma merecida consagração internacional do grande artista português (“se Lucie estivesse aqui, como ela amaria esta luz intensa, este país cheio de coisas pitorescas”), seja no plano do reconhecimento da magistral criatividade, da inesgotável capacidade de trabalho e da “eterna insatisfação” que lhe são próprias (“eu não faço parte de nenhuma escola” ou “impressionista, cubista, futurista, abstracionista? um pouco de tudo” ou, ainda, “a arte, tal como a sinto, é o produto emocional da natureza; e a natureza, fonte de vida, de sensibilidade, de cor, de profundidade, de ação mental, de poder emocional, etc.”) seja no tocante ao que seria um desejável reposicionamento da sua obra na história da arte moderna. E se não é preciso investir muito na procura de razões para visitar Paris, esta exposição de Amadeo vale por si só a viagem. Gratos parabéns à Fundação Calouste Gulbenkian e à comissária da mostra Helena de Freitas.


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