terça-feira, 14 de junho de 2016

SERÁ QUE O FUTEBOL REFLETE ALGO MAIS?




(Breve reflexão sobre a penosa comparação entre jogos da Copa América e do Euro 2016, mostrando um Brasil perto da indigência tática)

Não tenho tido o tempo necessário para uma análise cuidada de poltrona dos jogos do Euro 2016 e algumas partidas da Copa América, em que nesta última o único fator dissonante da tese que vou aqui expressar é o facto de se realizar nos EUA.

Mas pelo que de pontual tenho visto, é profundamente penosa a comparação entre o futebol praticado no Euro e os arremedos futebolísticos proporcionados pela Copa América. Tão penosa é essa comparação que me atrevo a sugerir que por detrás do futebol estão outras coisas, designadamente a organização da fileira e a própria sociedade que a acolhe, não integrando nesta última a violência de adeptos, que também pode ser considerada uma imagem fiel de uma certa Europa e de alguma negligência de segurança das autoridades francesas.

A eliminação do Brasil, mesmo que ardilosamente consumada com uma mão, não a de Maradona mas de um peruano do qual nunca tinha ouvido qualquer proeza futebolística ou mesmo o nome, é bem o retrato da situação atual social e política em que o Brasil se encontra. O pobre Dunga, transformado em aprendiz de treinador, é bem o sinal de uma manifesta incapacidade de acompanhar a inteligência técnica e tática do futebol e o afinamento a que chegaram as máquinas futebolísticas mais desenvolvidas. Por que razão os artistas brasileiros da bola brilham noutras paragens e noutras organizações e se perdem no rendilhado da sua habilidade quando integrados no escrete?

Será que a seleção colombiana de James e Bacca vai representar na Copa América a desesperada tentativa do país para encontrar uma normalidade política e social? Seria interessante que assim fosse.

Pelos lados do Euro 2016, deliciei-me hoje com a perfeição sincronizada dos três centrais italianos, deles partindo curiosamente o passe teleguiado para o pontapé mortífero de Giaccerini perante um atónito mas notável Courtois que, me perdoe o próprio, me lembra o polícia belga do inesquecível Allo Allo. Reconheço que tenho uma perspetiva algo doentia do futebol que me faz apreciar mais a engenharia inteligente da defesa e a frieza do contragolpe do que o desbordar dos ataques. A voluntariosa seleção belga talvez não merecesse a derrota mas aqueles três centrais italianos são um verdadeiro hino à sincronização defensiva.

E Portugal? O jogo de amanhã que organização portuguesa vai revelar?

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