(Breve reflexão
sobre a penosa comparação entre jogos da Copa América e do Euro 2016, mostrando um Brasil perto da indigência tática)
Não tenho tido o tempo necessário para uma análise
cuidada de poltrona dos jogos do Euro 2016 e algumas partidas da Copa América,
em que nesta última o único fator dissonante da tese que vou aqui expressar é o
facto de se realizar nos EUA.
Mas pelo que de pontual tenho visto, é profundamente penosa a comparação
entre o futebol praticado no Euro e os arremedos futebolísticos proporcionados
pela Copa América. Tão penosa é essa comparação que me atrevo a sugerir que por
detrás do futebol estão outras coisas, designadamente a organização da fileira
e a própria sociedade que a acolhe, não integrando nesta última a violência de
adeptos, que também pode ser considerada uma imagem fiel de uma certa Europa e
de alguma negligência de segurança das autoridades francesas.
A eliminação do Brasil, mesmo que ardilosamente consumada com uma mão, não
a de Maradona mas de um peruano do qual nunca tinha ouvido qualquer proeza
futebolística ou mesmo o nome, é bem o retrato da situação atual social e política
em que o Brasil se encontra. O pobre Dunga, transformado em aprendiz de
treinador, é bem o sinal de uma manifesta incapacidade de acompanhar a inteligência
técnica e tática do futebol e o afinamento a que chegaram as máquinas futebolísticas
mais desenvolvidas. Por que razão os artistas brasileiros da bola brilham
noutras paragens e noutras organizações e se perdem no rendilhado da sua
habilidade quando integrados no escrete?
Será que a seleção colombiana de James e Bacca vai representar na Copa América
a desesperada tentativa do país para encontrar uma normalidade política e
social? Seria interessante que assim fosse.
Pelos lados do Euro 2016, deliciei-me hoje com a perfeição sincronizada dos
três centrais italianos, deles partindo curiosamente o passe teleguiado para o
pontapé mortífero de Giaccerini perante um atónito mas notável Courtois que, me
perdoe o próprio, me lembra o polícia belga do inesquecível Allo Allo. Reconheço
que tenho uma perspetiva algo doentia do futebol que me faz apreciar mais a
engenharia inteligente da defesa e a frieza do
contragolpe do que o desbordar dos ataques. A voluntariosa seleção belga talvez não merecesse a derrota mas
aqueles três centrais italianos são um verdadeiro hino à sincronização
defensiva.
E Portugal? O jogo de amanhã que organização portuguesa vai revelar?
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