domingo, 19 de junho de 2016

O REGRESSO DO ENGENHEIRO TAL COMO JÁ O CONHECI


Escrevo a quente e, portanto, completamente consciente do jeito de desabafo que me domina o dedo. Também não estou certo de que, nestas coisas do futebol, tenha sempre de haver heróis e culpados, sobretudo estes quando as coisas correm mal. Mas, dito isto, não me parece que possamos dizer que fizemos o que devíamos ter feito para que não fosse de empate o resultado do jogo desta noite contra uma Áustria demasiado fraquinha para ser verdade. Ou seja: não se tratou, no essencial, de qualquer tipo de malapata nem de uma desajuda dos postes nem de uma exibição menos conseguida do juiz da partida; como também são os próprios jogadores a declinar uma outra hipótese possível quando, através de Quaresma, vêm declarar que “já não temos idade para ansiedade”; nem mesmo entendo atribuível a Cristiano Ronaldo o prémio limão pela falha de uma grande penalidade (embora, por uma vez, concorde com António Simões quando lhe sugere que pense menos nele próprio e mais na equipa).

Hoje, e apreciando de fora e na sempre irritante qualidade de treinador de bancada, o maior erro esteve para mim nas escolhas e na postura de Fernando Santos, um cidadão simpático e um profissional sabedor em quem neste dia recordei alguns traços daquela incapacidade de reação que por cá tanto o limitou ao tempo do responsável que foi nos “três grandes”. Exemplifico: antes, mudou o sistema de jogo para incorporar Quaresma (justifica-se?), optou por uma discutível convivência entre dois médios de caraterísticas presentemente idênticas (Moutinho e André Gomes) e preferiu William a Danilo; durante, e empatado a zero, só mexeu aos 70 minutos e apenas para uma duvidosa troca pela troca (Quaresma por João Mário) e só voltou a mexer aos 82 minutos (entrada do inconsequente avançado Éder) e, pasme-se!, aos 88 (Nani por Rafa), assim como nunca foi capaz de procurar levar velocidade e capacidade de rotura ao jogo (Renato Sanches e Rafa teriam sido bem-vindos como primeiras opções da segunda parte nos lugares de dois substituídos, André Gomes e Nani, tarde e a más horas).

E agora? Bem, com esta seleção e respetiva gestão técnico-tática e psicológica, tudo pode acontecer no confronto que falta com os húngaros! Talvez outro empate e uma salvação sem glória para uns Oitavos com a Alemanha ou a Espanha? Embora não seja de excluir uma humilhante derrota e uma saída pela porta do fundo! Como também pode ocorrer uma daquelas vitórias sacadas à nossa moda na última oportunidade ou até no último fôlego! Como irá ser? Eu não sei, tenho raiva a quem disser que sabe e recuso-me terminantemente a fazer quaisquer apostas!

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