sexta-feira, 24 de junho de 2016

BREXIT BY SALMON



(A blogosfera económica está a reagir em massa ao BREXIT. Vale a pena citar um excerto de um texto de Felix Salmon no Fusion

Felix Salmon, um jornalista da Reuters que ganhou alguma notoriedade no rescaldo dos acontecimentos de 2007-2008, assina um texto no Fusion que cito por representar uma das visões mais incisivas entre o muito material que hoje li:

“Chamando ao voto, David Cameron abriu uma verdadeira Caixa de Pandora. As forças do nacionalismo de vistas curtas deliciaram-se com uma grande vitória; querem mais, muito mais. A maleita económica que apoquentou toda a Europa nos últimos dez anos jogará em seu favor, assim como a crescente desigualdade que pode ser observada em quase todos os países por esse mundo fora. As instituições internacionais como a União Europeia, que nasceu de uma crença idealista na paz e na prosperidade, transformaram-se em avatares de um poder indescritível e são muito detestados pelas sofredoras classes médias europeias.
O resultado é que estamos agora a entrar num mundo que recua face ao progresso, um mundo de nacionalismos atávicos e de desconfiança mútua, um mundo em que os estrangeiros são demonizados e se preferem as paredes às pontes.
Em Novembro, os EUA irão ter o seu próprio plebiscito e é provável que o voto possa assumir cambiantes similares aos do Reino Unido. As cidades e os jovens votaram pelo progresso, pela inclusão e pela unidade. Entretanto, os brancos, as áreas rurais e os velhos votaram por um sonho tingido de sépia de um passado em que a igualdade fosse algo só diretamente aplicado aos homens brancos qualificados para tal.  
Antes do voto do Brexit, não acreditava que pudesse acontecer aqui. Mas o Reino Unido é bastante mais cosmopolita do que a América e conseguimos matar-nos (e toda a Europa) com um tiro no coração.
Por isso, tenham medo. O arco do universo moral pode tender para a justiça, mas segue uma via muito muito confusa. E depois de ter dado muitos passos à frente, o mundo deu um gigantesco passo atrás.”

Contundente, não?

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