Novo fim de semana de confinamento parcial, nova oportunidade para ver, ouvir e ler como se não houvesse amanhã e, também, para refletir profundamente sobre o contexto que nos vai envolvendo. Para além de não deixar de guardar uns minutos de interrupção para assistir em direto ao anúncio pelo primeiro-ministro das novas medidas governamentais decorrentes do agravamento da pandemia no País, com impactos visíveis em termos de estrangulamento do SNS e de muitos setores económicos e sociais especialmente tocados, assim como no estado de espírito de camadas cada vez mais vastas da população.
Limitando-me a um impressionismo muito meu – que não pretende traduzir-se, aliás, em qualquer substantivo juízo de valor relativamente ao modo como a crise vai sendo gerida –, a principal e desconfortável sensação que me invade quando acontece vir o nosso maior responsável público executivo falar ao País é a de um misto de grande isolamento e alguma desorientação (perante um oceano de desconhecimento fundamental, de decisores auxiliares inexperientes e de oposições desfocadas e impenetráveis nas suas agendas), de esforço de autodefesa no plano pessoal e político e de cansaço (que quase roça um compreensível e sofrido desânimo). Em consciência, não quereria, por isso, deixar-me arrastar para avaliações analíticas mais ou menos (im)piedosas sobre as decisões que se vão sucedendo – é assim que acato as recomendações e obedeço às instruções das autoridades, embora deva confessar que nem sempre resisto à frieza de dar por mim a pensar com os meus botões sobre quanto poderia ser diferente na nossa vida coletiva, quanto talvez importasse que tivéssemos estratégia e comando.
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