quinta-feira, 26 de novembro de 2020

ESTÁ TUDO LOUCO!

(José Manuel Esteban, http://www.larazon.es

O que está a acontecer em direto na Assembleia da República roça o grau zero do que deveria ser uma democracia saudável. Votações de amuo e vingança, incompetência e falta de sentido de Estado, negociações de bastidores e “amizades” improváveis. Trata-se da proposta do Bloco no sentido de retirar do OE a verba para o Novo Banco, a qual foi ontem aprovada com os votos do partido proponente, do PSD, do PAN, do PCP e do PEV (com o Iniciativa Liberal e o Chega ao lado do PS!). Parece que hoje o deputado de extrema-direita poderá ter mudado de ideias e passado à abstenção, não se conhecendo ainda uma hipotética alteração do sentido de voto do PAN nem a inclinação das deputadas independentes. O risco que predomina é o de ser a deputada Joacine (uma dissidente de um partido menor, o Livre) a vir a dar a mão ao PS e a salvar o Governo e o bom nome do País. O que quer que aconteça, já todos perdemos e os cidadãos que ainda prestarem algum mínimo de atenção a estes espampanantes “jogos florais” (ou circenses?) só poderão envergonhar-se de um estado de degradação da democracia portuguesa em que já não é só o PSD a estar capturado pelo Chega nem o PS a estar capturado pelos partidos à sua esquerda, já não são só as franjas a decidirem questões fundamentais mas sim as pessoas individuais oriundas dessas franjas a fazê-lo. Socorro!


Adenda: Terminada a barganha sem barreiras que encheu o final da manhã na Assembleia da República e até obrigou a interromper a sessão (abaixo um registo da insinuante conversa entre a líder parlamentar do PS e a deputado Joacine), e concluídas as votações (que ainda tiveram mais alguns incidentes em torno da possível liberdade de voto da bancada do PSD, solicitada por Álvaro Almeida, e da possível votação diferenciada dos deputados da Madeira, que aliás chegou a existiu e foi depois invertida sob a pressionada batuta de uma senhora chamada Sara Madruga da Costa), o resultado foi o de uma aprovação da proposta do Bloco (com as ditas franjas a acabarem por se anular a si próprias), assim criando uma dificuldade inesperada ao Governo no tocante ao cumprimento do contrato assinado com a Lone Star. Quem é que anda por aí a apregoar contra o populismo e a promovê-lo na prática concreta?


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