segunda-feira, 2 de novembro de 2020

MAIS DUAS MORTES GERACIONAIS

(cartoon de Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

O desaparecimento de Sean Connery, esse eterno James Bond (porque certamente o mais carismático de todos os que o desempenharam) que deixou também outros pergaminhos no cinema mundial, aconteceu quase em paralelo com o de Nobby Stiles, esse ídolo do Manchester United que por cá ficou sobretudo conhecido pela marcação cerrada que fez a Eusébio (houve quem lhe chamasse agressiva e mazinha, mas também muito por motivos de estrito fervor nacionalista) naquela histórica meia-final de 1966. Mais do que referências detalhadas às tão desiguais carreiras de um e do outro, o que naturalmente levaria um maior destaque a um dos cidadãos escoceses mais famosos de sempre (a capa do “The Herald” de ontem referia-se a uma Scottish superstar), quero apenas registar quanto se trata de mais dois desaparecimentos de época, daqueles que (re)mexem nas nossas memórias – com a agravante de deles ter tido notícia no preciso dia em que acabava de ler mais um notável romance de Julian Barnes (“Nada a Temer”) que é, afinal, “uma intensa meditação sobre a mortalidade humana”. E onde se pode ler: “Memória é identidade. Acredito nisto desde... oh, desde que me lembro. Somos o que fizemos; o que fizemos está na nossa memória; o que recordamos define quem somos; quando esquecemos a nossa vida, deixamos de existir, mesmo antes da morte.”


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