(Este ano, a terceira quinta feira de novembro foi um dia triste. As atmosferas únicas das ruas e dos restaurantes de Paris festejando a chegada do novo Beaujolais foram substituídas pelo ambiente virtual das comemorações e “provas” à distância. Já não chegavam os impostos aduaneiros do pérfido Trump, que prepara finalmente a sua saída. O Beaujolais nouveau sem o ambiente daquelas ruas, restaurantes e brasseries não é a mesma coisa ...)
A atmosfera lúdica do ritual do Beaujolais nouveau é uma recordação única que guardo de Paris, creio que numa única vez em que tive oportunidade de lá estar em trabalho por esta altura. Tudo se passa como se o vinho jovem proveniente de um terroir se manifestasse nos ambientes urbanos, numa espécie de transferência inusitada, mas que se repete todos os anos num ritual que nos ajuda a contar a passagem do tempo. Gosto destes rituais da passagem do tempo.
E, como sucedâneo bastante remoto e convicto de que a vivência do vinho não tem nada de on line ou de à distância, resolvi aplicar a minha expertise em compras on line gerada pela pandemia e pelo confinamento e encomendar meia dúzia de garrafas, de médio preço, embora o Beaujolais nouveau de pipa ainda seja mais entusiasmante. A logística está cada vez melhor, não chegou a uma quinta feira, mas já cá canta e os primeiros copos numa viagem estranha pelo tempo já foram bebidos.
Afinal um pequeno prazer afetivo para criar resiliência a estes tempos. Da qual bem precisamos. Com o tempo virão outras saídas.
À Vossa!
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