O meu bom amigo aqui do lado referiu-se há dias ao premente e absurdo caso da Bélgica na pandemia, coisa que eu próprio já tinha aflorado em post de 26 de outubro (“A aflição no Reino dos Belgas”). Mas o tratamento da matéria em si acabava por lhe servir sobretudo de pretexto para aflorar um outro e essencial ponto, o da organização territorial dos Estados e o dos fantasmas que vão assaltando cada um daqueles que, como nós, andou anos seguidos a sustentar o bem fundado da descentralização e da regionalização enquanto condições necessárias ao desenvolvimento mais equilibrado e sustentável dos territórios e talvez a minimizar questões conexas tão relevantes como as da “proliferação de centros de decisão” ou da importância de “governos robustos e estáveis” na condução destes processos – um tema que não quero aqui abordar de uma penada, convicto como ainda estou de que há casos e casos (e o que por cá aconteceu nestes últimos meses e anos é por demais revelador de graus zero absolutamente indesculpáveis!) e de que o tema tem mérito mais do justificativo de uma reflexão ponderada e de um debate sério (vamos a isso?).
Quero ainda aproveitar o facto de estar com a mão na massa para reproduzir abaixo um gráfico que entendo ser altamente sugestivo ao procurar relacionar o número de mortes pandémicas (no eixo das abcissas) com as quebras de crescimento económico no primeiro semestre de 2020 (no eixo das ordenadas). Apesar de uma busca algo inglória em termos de causalidade, já que não se inferem significativas regularidades, ele constitui mais um elemento inquestionavelmente demonstrativo do outlier para que a Bélgica se deixou arrastar.
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