(A resposta aos condicionamentos que nos rodeiam nos tempos de hoje é uma arte individual que todos temos que aprender, não deixando de reconhecer que não estamos todos numa tábua rasa que nos coloque em perfeita igualdade de condições para essa aprendizagem. Essa arte está frequentemente nos pequenos traços e nas coisas simples da vida às quais por vezes não damos a importância devida, mas que os longos tempos de introspeção que enfrentamos nos irão certamente ajudar a descobrir. O exemplo que escolhi para este post talvez seja surpreendente mas quem invoco sabe do que fala …)
Nunca precisei, felizmente, de me esticar no divã, mas se o tivesse que fazer acho que teria a máxima confiança no José Gameiro, psiquiatra com uma crónica regular no Expresso (Revista). Vá lá saber-se porquê inspira-me confiança e estou certo que se disso precisasse sessões frutuosas de análise iriam acontecer.
Por isso, nas muitas leituras de interesse que os jornais e revistas de fim de semana me trouxeram, escolhi esta bela peça da qual reproduzo um excerto:
“(…) Estamos cansados disto? Eu estou e vejo à minha volta sentimentos de exaustão, agravados por disputas cada vez mais incompreensível pelo comum dos mortais … Descobri, por influência de amigos, o prazer de ver não só ainda jogos mas sobretudo programas de debate futebolístico. Na minha, ainda pouca, literacia sobre o tema, começo a emitir opiniões e a contrariar adeptos de muitos anos. Os comentadores televisivos, felizmente os piores emigraram para a política, parecem-me pessoas sérias, sabedoras, nada facciosas, intelectualmente honestos e, ao contrário de alguns da pandemia, não fazem prognósticos antes do fim do jogo. Ouvi-los relaxa-me, põe-me bem-disposto, pronto a mais uns meses de sofá. Desculpem terminar com um conselho: se estiverem fartos de ouvir falar do vírus, não percam uma conferência de imprensa do Jorge Jesus. Garanto-vos que é muito melhor do que falar com um psiquiatra ou com um psicólogo”.
In “O futebol e a pandemia” – Diário de Um Psiquiatra – E – A Revista do Expresso.
Surpresa? Escreve quem sabe.
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