quinta-feira, 14 de junho de 2012

AVISOS SÉRIOS OU SIMPLES BLUFF?


Já seria de esperar. À medida que a cimeira europeia se aproxima e nas reuniões técnicas preparatórias se joga o sentido das decisões que realisticamente será possível associar à sua realização, recrudesce com maior intensidade a divergência no eixo franco-alemão, sobretudo com as posições da Itália e de França a confrontarem-se com a resistência alemã.
Não é de afastar a hipótese de que a oposição alemã a qualquer forma de mutualização da dívida (eurobonds ou qualquer derivado próximo) e de evolução para uma união bancária com a figura do seguro de depósito á cabeça não seja uma última forma de pressão sobre o sentido de voto das eleições gregas.
Mas a tendência mais geral da imprensa económica especializada de ontem e hoje é interpretar as diversas posições alemãs sobre a matéria como um aviso sério à navegação, defendendo posições nas complexas negociações que vão ter lugar até definir uma trajetória de decisão. Tudo leva a crer que a Frau Merkel vai tentar o mais possível afirmar a necessidade de fazer avançar o pacto fiscal, contrapondo à mutualização da dívida o tema da mutualização da responsabilidade. A exigência de mais cortes à liberdade de controlo orçamental, retirando aos ministros das Finanças mais uma prerrogativa, é uma tendência provável de negociação.
Temo bem que os países da Europa do Sul sejam moeda de troca para a complexa negociação que vai ter lugar. E, com governos tão solícitos (que nunca exprimiram uma palavra ou simples ideia de apoio às teses que visam pressionar a posição alemã, como o português) ou tão atrapalhados pela suspeição generalizada sobre a situação bancária (como o espanhol), esse receio ganha ainda uma maior expressão.

Sem comentários:

Enviar um comentário