A atualidade
europeia está dominada por uma imparável esquizofrenia. Com todos os discursos
sensatos e fundamentados a convergirem para o eixo Berlim-Frankfurt, Merkel foi
hoje ao Bundestag avisar que a Alemanha não deve ser sobrecarregada com
soluções inaceitáveis, que o país tem limites e que não é possível pedir-se-lhe
que salve a economia mundial sozinha – a resposta que se impõe face à
multiplicação de apelos contra um desastre iminente!
A Grécia,
mergulhada num apenas ilusório “stand-by”, é uma presença constante em todas as
análises. E enquanto os seus cidadãos vão sendo sujeitos a um terrível cocktail
de pressões antidemocráticas, muito boa gente vai ocupando os lugares mais adequados
a um cenário de “queda ordenada” (veja-se a feliz ilustração de Bernardo Erlich
no “El País”).
Com a Espanha na aflitiva
situação que se conhece – agravada pelas dúvidas de natureza semântica (resgate
ou linha de crédito?) que tomaram os seus responsáveis –, a Itália volta também
a estar debaixo do fogo dos “mercados”. Perante a crescente expressão de tais mecanismos
de contágio, as autoridades transalpinas juram o mesmo que todas as precedentes
em situações semelhantes – “L’Italia non è in pericolo” ou “L’Italia non avrà
bisogno di aiuti” – mas não vão deixando de cerrar fileiras (veja-se a
ilustração de Giannelli no “Corriere della Sera, http://www.corriere.it).
O cidadão comum, sempre
lúcido, reage como o da imagem abaixo (em peça da SIC de ontem): “Há um mês,
lia-se num título do jornal ‘La Repubblica’: ‘Não somos a Grécia’. Esta manhã,
noutro jornal, vi outro título que dizia: ‘Não somos a Espanha’. Pergunto-me: ‘ma l'Italia che
cose è?’”
Ah, já agora, e
Portugal? Tudo sob controlo: ganhamos à Dinamarca e venha daí a Holanda…
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