sexta-feira, 15 de junho de 2012

FILME DE TERROR

A atualidade europeia está dominada por uma imparável esquizofrenia. Com todos os discursos sensatos e fundamentados a convergirem para o eixo Berlim-Frankfurt, Merkel foi hoje ao Bundestag avisar que a Alemanha não deve ser sobrecarregada com soluções inaceitáveis, que o país tem limites e que não é possível pedir-se-lhe que salve a economia mundial sozinha – a resposta que se impõe face à multiplicação de apelos contra um desastre iminente!


A Grécia, mergulhada num apenas ilusório “stand-by”, é uma presença constante em todas as análises. E enquanto os seus cidadãos vão sendo sujeitos a um terrível cocktail de pressões antidemocráticas, muito boa gente vai ocupando os lugares mais adequados a um cenário de “queda ordenada” (veja-se a feliz ilustração de Bernardo Erlich no “El País”).


Com a Espanha na aflitiva situação que se conhece – agravada pelas dúvidas de natureza semântica (resgate ou linha de crédito?) que tomaram os seus responsáveis –, a Itália volta também a estar debaixo do fogo dos “mercados”. Perante a crescente expressão de tais mecanismos de contágio, as autoridades transalpinas juram o mesmo que todas as precedentes em situações semelhantes – “L’Italia non è in pericolo” ou “L’Italia non avrà bisogno di aiuti” – mas não vão deixando de cerrar fileiras (veja-se a ilustração de Giannelli no “Corriere della Sera, http://www.corriere.it).


O cidadão comum, sempre lúcido, reage como o da imagem abaixo (em peça da SIC de ontem): “Há um mês, lia-se num título do jornal ‘La Repubblica’: ‘Não somos a Grécia’. Esta manhã, noutro jornal, vi outro título que dizia: ‘Não somos a Espanha’. Pergunto-me: ‘ma l'Italia che cose è?’”


Ah, já agora, e Portugal? Tudo sob controlo: ganhamos à Dinamarca e venha daí a Holanda…

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