sábado, 16 de junho de 2012

ENFIM UMA IDEIA


A curta entrevista que o Secretário de Estado do Ambiente e Ordenamento concede ao Público de hoje no âmbito do tratamento da Conferência RIO + 20 constitui uma exceção num deserto de ideias que o modelo de governação “Ministro das Finanças + uns tantos” tem determinado.
A entrevista veicula ideias sensatas e sobretudo um princípio de orientação para a programação 2014-2020, o que não é pouco face ao já referido deserto de ideias.
Assino por baixo a denúncia das inúmeras contradições nas opções em torno das políticas de sustentabilidade da última década em Portugal, fundamentalmente na contradição existente entre o desvario de última geração nas infraestruturas rodoviárias e a ainda pouco avaliada opção de reforço das energias renováveis. Essa contradição sempre revelou que a estratégia de sustentabilidade ambiental para o país era frágil e que evidenciava uma poderosa captura das políticas públicas e do próprio cofinanciamento comunitário por parte de grupos privados de forte expressão e influência.
A referência que é feita à preparação conjunta com o INE de uma conta nacional ambiente através da qual seja possível medir e acompanhar a extensão da economia verde é promissora. Bem como é também promissor o facto da lógica da eficiência dos recursos ganhar espaço na programação futura.
O reforço das condições de sustentabilidade e uma maior atenção à valorização de uma economia de baixo carbono e sobretudo a procura de ganhos de expressão em termos de crescimento e emprego por essa via deveriam pautar as escolhas públicas em contexto de consolidação de contas públicas. Duvido, entretanto que, face ao referido modelo de “Ministro das Finanças + uns tantos”, essa lógica possa ser ouvida e respeitada nas grandes decisões de afetação de recursos públicos.
Mas, para uma Secretaria de Estado que tem entre mãos o mistério da não publicação dos Planos Regionais de Ordenamento do Território do Norte e do Centro, que praticamente não se ouve, o aparecimento de ideias estruturadas já não é coisa pouca. É o drama das baixas expectativas.

Sem comentários:

Enviar um comentário