quinta-feira, 21 de junho de 2012

O SENHOR COEURÉ


Coeuré, mais propriamente Benoit Coeuré, é um nome que não sei porquê me faz lembrar personagens de filmes com o Louis de Funès ou outro qualquer personagem que representa alguém mais importante e que aparece em cena para marcar a posição desse outro.
Benoit Coeuré entrou hoje decisivamente no jogo de sombras em que as questões em torno da crise do euro e das dívidas soberanas se transformaram, sobretudo à medida que tudo evolui em função de um clímax final que afinal não é bem o definitivo.
Hoje, em entrevista ao super divulgado Financial Times, Coeuré que é membro da direção executiva do BCE responsável pela supervisão das operações financeiras de mercado, e por isso não é uma personagem qualquer, aparece a assumir uma posição até aqui pouco acenada como saída de circunstância para suster o rombo no sistema.
Benoit Coeuré expressa candidamente a sua surpresa pelo facto do Instrumento Europeu de Estabilidade Financeira, com autorização há cerca de um ano para intervir no mercado secundário das dívidas soberanas, não ter sido até agora chamado a exercer essa função de moderação de taxas de refinanciamento dos países sob pressão dos mercados.
Porque será e o que é que explica que um membro executivo do BCE só agora apareça a expressar a sua mais cândida surpresa? Admite ainda a possibilidade de no próximo conselho do BCE de 5 de Julho a taxa de juro poder descer para 1%.
Tudo isto aponta para o BCE falar por interpostas posições e procurar intervir no jogo complexo da decisão política até à próxima cimeira de fins de Junho.
Mas entre outros aspetos parece-me certeiro no que diz respeito à situação espanhola:
“A crise bancária espanhola tem também uma dimensão política. Tem que ver com o pôr em prática o tipo certo de coordenação, colaboração entre Espanha e as autoridades europeias e isso leva tempo a funcionar. Agora estamos mais perto dos pormenores e saberemos mais quando o teste de stress for publicado no fim desta semana.”
Ou seja, provavelmente novas surpresas.

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