Coeuré, mais propriamente Benoit Coeuré, é um nome que não
sei porquê me faz lembrar personagens de filmes com o Louis de Funès ou outro qualquer
personagem que representa alguém mais importante e que aparece em cena para
marcar a posição desse outro.
Benoit Coeuré entrou hoje decisivamente no jogo de
sombras em que as questões em torno da crise do euro e das dívidas soberanas se
transformaram, sobretudo à medida que tudo evolui em função de um clímax final
que afinal não é bem o definitivo.
Hoje, em entrevista ao super divulgado Financial Times,
Coeuré que é membro da direção executiva do BCE responsável pela supervisão das
operações financeiras de mercado, e por isso não é uma personagem qualquer,
aparece a assumir uma posição até aqui pouco acenada como saída de circunstância
para suster o rombo no sistema.
Benoit Coeuré expressa candidamente a sua surpresa pelo
facto do Instrumento Europeu de Estabilidade Financeira, com autorização há
cerca de um ano para intervir no mercado secundário das dívidas soberanas, não
ter sido até agora chamado a exercer essa função de moderação de taxas de
refinanciamento dos países sob pressão dos mercados.
Porque será e o que é que explica que um membro executivo
do BCE só agora apareça a expressar a sua mais cândida surpresa? Admite ainda a
possibilidade de no próximo conselho do BCE de 5 de Julho a taxa de juro poder
descer para 1%.
Tudo isto aponta para o BCE falar por interpostas posições
e procurar intervir no jogo complexo da decisão política até à próxima cimeira
de fins de Junho.
Mas entre outros aspetos parece-me certeiro no que diz
respeito à situação espanhola:
“A crise bancária espanhola tem também uma dimensão política.
Tem que ver com o pôr em prática o tipo certo de coordenação, colaboração entre
Espanha e as autoridades europeias e isso leva tempo a funcionar. Agora estamos
mais perto dos pormenores e saberemos mais quando o teste de stress for
publicado no fim desta semana.”
Ou seja, provavelmente novas surpresas.
Sem comentários:
Enviar um comentário