segunda-feira, 18 de junho de 2012

PORTUGAL VENTURES

Mais uma corrida mais uma viagem, diz-se nas feiras de entretenimento. Mais um dia mais uma reforma, dizem os nossos governantes. Chegou hoje a vez do capital de risco, pela enésima vez e sempre em nome da eficiência. À cabeça, o novel secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação que chegou do Minho para nos ensinar a empreender, competir e inovar.


Já tinha dado por ele mas associava-o preferencialmente ao seu frequente papel de inovador emplastro de Cavaco (estará na sua delegação de competências?).


Já tinha ficado altamente impressionado pela inovadora frescura da sua recente entrevista ao “Jornal i”.


Já tinha ficado alertado para a sua inovadora obra face a um sempre atempado anúncio do assessor de imprensa de serviço Luís Marques Mendes (às Quintas na TVI 24), ainda que fosse útil solicitar a quem lhe dá as dicas que se certifique de que foi bem compreendido (a sua segunda referência sobre a matéria – “estima-se já uma intervenção na ordem de 600 milhões de euros por parte desta única empresa e em cerca de 180 participadas” – confunde primariamente capital sob gestão com novos recursos financeiros disponíveis e empresas participadas com novas parcerias possíveis).


Hoje, fiquei definitivamente rendido ao inovador brilho da sua entrevista matinal à RTP.

Atente-se e absorva-se, se possível devagarinho:

·         “Com este novo operador vai mudar, acima de tudo, a atitude do Estado no apoio ao empreendedorismo e à inovação através deste mecanismo e deste instrumento fundamental nas economias modernas de apoio à criação e ao desenvolvimento de empresas: o capital de risco público. E, com esta reforma, aquilo que se espera é, para além de operacionalmente se conseguirem ganho na ordem de 1 milhão de euros anuais nos próximos cinco anos pela fusão destas três sociedades existentes, pretende-se também que haja uma coordenação na atuação do Estado neste papel de apoio às empresas, à criação de novas empresas a partir das universidades, a partir daquilo que se faz também nas incubadoras, mas também no desenvolvimento de empresas para as suas estratégias de internacionalização ou desenvolvimento. E, portanto, com quase 600 milhões de euros sob gestão e com estas 180 empresas participadas, o que se espera agora é – com um disponibilidade de 140 milhões de euros – investir naquilo que são as empresas que, através da inovação, possam de facto criar impacto na economia nacional, criar emprego e criar valor para o País.”

·         “Aquilo que o novo operador de capital de risco público vai fazer é reger-se pelas melhores práticas internacionais e apostar naquilo que são projetos, como eu disse, de valor para a economia nacional. E portanto existem um conjunto de critérios muito claros, muito transparentes e projetos que tenham essas caraterísticas podem ser analisados e poderão então existir investimentos. Naturalmente que existe, neste momento, já um conjunto elevado de oportunidades que estão a ser analisadas e mais esperamos que após o dia de hoje apareçam e que possam de facto gerar valor para o País e criar mais empregos.”

·         “Aquilo de que nós necessitamos essencialmente é de empresas que inovem mais e, a partir de produtos e de serviços transacionáveis inovadores e que possam ser vendidos nos mercados internacionais, possam assim ter um impacto na economia. Essa é a grande aposta. Nós temos pessoas e empreendedores com excelentes ideias, muitas vezes precisam de um apoio na gestão – e aí também o capital de risco ‘lato sensu’, público e privado, pode ajudar e, aliás, esse e também uma das apostas deste novo operador de capital de risco público é trabalhar em parceria com os atores privados. Aquilo que queremos é ‘menos Estado, melhor Estado’, o Estado a colaborar com os atores privados do capital de risco, e também com os ‘business angels’ em Portugal, de forma a potenciar-se um investimento em projetos de valor.”

·         “Isto é dinheiro, como eu dizia, de acordo com as boas práticas de capital de risco. Aquilo que o Estado faz ao entrar no capital social de uma empresa – que vai apoiar não só com esse capital social mas também com ‘know-how’, com apoio no desenvolvimento da sua estratégia –, aquilo que o Estado espera é que, ao fim de alguns anos, poder recolher aquilo que investiu com um determinado ganho. Isto é aquilo que o capital de risco faz no mundo. Esta também é uma das grandes diferenças para esta reforma: é que anteriormente o capital de risco público pouco se preocupava com a rentabilidade dos seus investimentos e com o retorno. E agora isso é diferente: Portugal passa a ter uma capital de risco pública que se preocupa com o impacto na economia mas também com o retorno deste investimento.”

Dirão os maledicentes: Idade da Pedra, grau zero, arroz de quinze…. Pessoalmente, que não sou de grandes intrigas, fico-me por um modesto “Portugal no seu melhor”…

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