Referi-me ontem aqui a uma notícia do JN sobre a condenação de Kolback da Veiga no 3º Juízo Criminal da Comarca de Lisboa, o qual deu por provado que o dito “pretendeu fazer seu o que escreveu a seguir” – que era, afinal, da autoria do professor e ensaísta Sousa Dias – num caso que remonta a 2008 e está relacionado com a publicação de uma coletânea de textos a que, muito sintomaticamente, deu o nome de “O meu Único Infinito é a Curiosidade”.
Mas seria injusto
pensar que este caso de plágio em nome da curiosidade – ou do infinito? – é único.
Porque, tal como na canção, havia outro: esse que Manuel Freire, o inesquecível
intérprete de “Pedra Filosofal” mas à época na qualidade que detinha de Presidente
da Sociedade Portuguesa de Autores, denunciou em devido tempo nos termos da
seguinte carta que lhe dirigiu:
Exmo.
Senhor
Dr.
Miguel Veiga
Jornal
“Expresso”
Lisboa,
18 de Março de 2005
Exmo.
Senhor,
Publicou
o Jornal “Expresso” do dia 12 do corrente um artigo assinado por V. Exa., sob o
título “Memórias, retratos e histórias”.
Acontece
que o referido artigo, não obstante trazer algumas referências elogiosas à Sra.
Prof. Doutora Clara Crabbé Rocha, reproduz, sem a devida e necessária
referência a esse facto, partes da obra desta intitulada “Máscaras de Narciso”
publicada pela Livraria Almedina em 1992, resultado da investigação
desenvolvida pela autora no âmbito da literatura autobiográfica em Portugal.
A
frase em destaque, bem como vários parágrafos que constituem parte substancial
do artigo, como sabe, são retirados desse texto sem que figurem entre aspas.
Não
poderia a SPA, assumindo o seu papel institucional de defesa do direito de
autor, deixar passar em claro o facto relatado que, pela sua gravidade, e é do
conhecimento de V. Exa., poderá configurar responsabilidade criminal.
Nestes
termos entendemos que é exigível, no mínimo, um pedido de desculpas à autora
pelo abuso cometido.
Atentamente,
Manuel
Freire
Presidente
SPA
Cena de
antecipação ao próximo capítulo:
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