quarta-feira, 27 de junho de 2012

BOTA MAIS CIMEIRA

Ainda há por aí alguns maduros que, após testemunharem quase três anos de crise europeia dominados pela repetitiva tecla suicida da barganha nacionalista, reagem a bem à ideia de que a Cimeira que começa amanhã será a da última oportunidade para uma solução. E no entanto…



No entanto, os quatro grandes da Zona Euro (Alemanha, França, Itália e Espanha) têm-se desdobrado por estes dias em duelos e frondas de variável geometria – como tão bem ilustram Giannelli no “Corriere della Sera” (http://www.corriere.it) ou Plantu no “Le Monde” (http://www.lemonde.fr). De facto, os temas que foram pontuando as sucessivas manchetes dos mais diversos jornais – “we have a week”, “patto a quattro”, “tabou fédéral”, “ein masterplan”, “Tesoro único” – parecem sugerir uma paulatina presença de elementos com potencial no sentido de contribuírem para uma certa mudança de quadrante. Não foi decerto impunemente que as manifestações de aflição alastraram e deixaram de impactar apenas nos preguiçosos do Sul, entrando dentro de portas maiores, como não o é também que Merkel agora se defronte com protagonistas como Hollande, Monti e Rajoy e já não com Sarkozy, Berlusconi e Zapatero.


Em síntese: componentes de uma agenda com cambiantes diferentes – como a estimular o crescimento, flexibilizar as condições de funcionamento dos instrumentos de apoio financeiro criados ou lançar as bases de uma união bancária e orçamental – tornaram-se presenças crescentemente toleradas e acabaram por assumir dimensões impensáveis há meses ou semanas. Mesmo com Merkel a jurar que “eurobonds” só por cima do seu cadáver ou a exigir a leonina contrapartida de uma renúncia à soberania orçamental, há sinais de uma tímida evolução, de uma espécie de política de pequenos passos – alguma mutualização, algum rompimento do infernal círculo vicioso entre dívida bancária e dívida dos Estados, etc. – a querer ganhar as suas asas. Ainda que o tempo não jogue a favor e os custos possam vir a revelar-se incomportáveis…

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