O título não é meu. De novo, o INTERESSE PRIVADO, AÇÃO PÚBLICA
acolhe com prazer a pena e o olhar desconcertante do Álvaro Domingues sobre o quotidiano
da longa transformação que atravessará a sociedade portuguesa, na sequência do esvaziamento,
não chegou a ser rebentamento, da nossa bolha, salvo seja, ou seja do que fez o
atípico das nossas cidades, subúrbios, terras de ninguém, que não vão dar a
lado algum. A nossa bolha é só nossa, de mais ninguém.
“Sou estagiária na
MUTANT – Architecture & Design, everything written in stranger that is the
language that best understands and is immune to the orthographic agreement. We do, perdão, fazemos casas
minimais em betão branco, tipo micro-ondas com aplicações em madeira, cipreste
à porta e uma gaja para dar escala e sex appeal e um lago. Não vem cá ninguém,
não se faz nada, não se vende nada. Passou aqui um tipo e pôs-se a tirar
retratos. Pensei que era um cliente, mas não. É desses que não deve ter mais
nada para fazer. Se não fosse ovina de cérebro rarefeito, deitava-me deste muro
abaixo. Perguntei-lhe se estava interessado na casa (ela de facto não existe,
pertence aos mercados de futuros incertos) mas o gajo não deve ter percebido.
Dizem que temos um vocabulário simplório e uma fonética de mmms e éééééés que
soa sempre ao mesmo. É exatamente o que eu penso do que ouço na política e nos
programas sobre economia. Cada um sabe de si, como diz o povo (quemméé o
povo?).”
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