terça-feira, 26 de junho de 2012

POMPA E CIRCUNSTÂNCIA, “CASUAL CHIC”


Em domingo de S. João, o governo reuniu com pompa e circunstância, tal como o ilustra a fotografia de ocasião. A tese do governo mínimo parece cair por terra, pelo menos se a quisermos inferir a partir da dimensão da fotografia.
Como é costume nativo nestas reuniões extraordinárias em período de fim de semana, foi politicamente adotado o traje informal de passeio. A ministra Cristas regozijou-se por certo por finalmente o governo assumir a sua decisão pioneira de suprimir a gravata. Uma vitória por certo. Tenho para mim, assumindo aqui um estatuto de cronista social mundano encapotado, que este despir governamental da formalidade do traje é um risco. O povo não deve apreciar muito esta pretensa informalidade e, ou muito me engano, há alguma auréola do poder que se perde. Alguns ministros no seu fatinho clássico lá vão assumindo alguma pose de Estado, mas quando descem à informalidade para alguns é o cabo dos trabalhos. Diria o cronista social mundano que a maior parte adotou o modelo “casual chic”, com fatinho escuro, nem todos, e sem gravata, o que pelo menos nos permite evitar conhecer algumas provas de mau gosto no informal escolhido que têm passado por sucessivas fotografias deste tipo no passado. O “casual chic” parece estar de acordo com a filosofia e extração deste governo, nada a opor.
Imagina-se que uma reunião deste tipo pode ser um momento interno de tocar o sino senão para a última volta, pelo menos para uma fase difícil de governação. A meu ver, foi mais reunião para dentro do que para fora. Porque para fora, quem tivesse esperado alguma galvanização de futuro, alguma linha de rumo quer para uma degradação eventual da situação europeia, quer finalmente algumas indicações de escolhas públicas para apoiar a economia que vai resistindo, rapidamente perdeu essa veleidade. Tenho dificuldade em elencar ou reter uma ideia que inspire alguma perspetiva de relançamento. Não ouvi com total atenção a comunicação oficial do tandem da maioria, mas pelas repercussões na comunicação é difícil identificar uma ideia mobilizadora.
Alguma pompa e circunstância, meramente simbólica, um “casual chic” que até não fica mal a este tipo de governo, mas ainda e sempre uma dificuldade insuperada de ver mais vida para além do bom aluno da Troika.

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