Em domingo de S. João, o governo reuniu com pompa e
circunstância, tal como o ilustra a fotografia de ocasião. A tese do governo mínimo
parece cair por terra, pelo menos se a quisermos inferir a partir da dimensão
da fotografia.
Como é costume nativo nestas reuniões extraordinárias em
período de fim de semana, foi politicamente adotado o traje informal de
passeio. A ministra Cristas regozijou-se por certo por finalmente o governo
assumir a sua decisão pioneira de suprimir a gravata. Uma vitória por certo.
Tenho para mim, assumindo aqui um estatuto de cronista social mundano
encapotado, que este despir governamental da formalidade do traje é um risco. O
povo não deve apreciar muito esta pretensa informalidade e, ou muito me engano,
há alguma auréola do poder que se perde. Alguns ministros no seu fatinho clássico
lá vão assumindo alguma pose de Estado, mas quando descem à informalidade para
alguns é o cabo dos trabalhos. Diria o cronista social mundano que a maior
parte adotou o modelo “casual chic”,
com fatinho escuro, nem todos, e sem gravata, o que pelo menos nos permite evitar
conhecer algumas provas de mau gosto no informal escolhido que têm passado por
sucessivas fotografias deste tipo no passado. O “casual chic” parece estar de acordo com a filosofia e extração
deste governo, nada a opor.
Imagina-se que uma reunião deste tipo pode ser um momento
interno de tocar o sino senão para a última volta, pelo menos para uma fase difícil
de governação. A meu ver, foi mais reunião para dentro do que para fora. Porque
para fora, quem tivesse esperado alguma galvanização de futuro, alguma linha de
rumo quer para uma degradação eventual da situação europeia, quer finalmente
algumas indicações de escolhas públicas para apoiar a economia que vai
resistindo, rapidamente perdeu essa veleidade. Tenho dificuldade em elencar ou
reter uma ideia que inspire alguma perspetiva de relançamento. Não ouvi com
total atenção a comunicação oficial do tandem da maioria, mas pelas repercussões
na comunicação é difícil identificar uma ideia mobilizadora.
Alguma pompa e circunstância, meramente simbólica, um “casual
chic” que até não fica mal a este tipo de governo, mas ainda e sempre uma
dificuldade insuperada de ver mais vida para além do bom aluno da Troika.
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