quinta-feira, 28 de junho de 2012

UM MANIFESTO PARA QUE A ECONOMIA FAÇA SENTIDO


Paul Krugman (Princeton University) e Richard Layard (London School of Economics) publicaram no Financial Times de 27 de Junho um manifesto (“A Manifesto for economic sense”) que importa considerar como um importante contributo para que a profissão e a teoria que em torno dela agita as ideias se reorientem para uma política económica ajustada à dimensão global da crise prolongada que vivemos.
A este manifesto não será seguramente estranha a recente viagem de Krugman a Londres para conferências sobre este tema. Não é por acaso que Londres surge no foco da divulgação do manifesto. A situação atual da economia britânica é bem o espelho do “non-sense” da política económica e monetária do governo de Cameron e Osborne, aliás já profusamente questionada por analistas insuspeitos na sua relação política com os conservadores, como Martin Wolf.
O manifesto é um texto muito simples como convém nestas coisas, sendo estruturado a partir da desmontagem das ideias feitas quanto aos seguintes tópicos: as causas do prolongamento da crise e a sua relação com o ambiente de 1930; a natureza da crise atual; a resposta apropriada que é necessário desenvolver; o erro associado ao mito da austeridade expansionista; o falso argumento da recuperação da confiança com base apenas na disciplina fiscal; o argumento retórico das reformas estruturais como panaceia para ocultar o verdadeiro problema, uma questão de défice de procura.
Como dizia há dias Samuel Brittan no mesmo Financial Times, não é preciso ser-se esquerdista para apoiar as posições de Krugman e neste caso do presente manifesto.
A poderosa herança da coerência do pensamento de Keynes continua viva.

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