Paul Krugman (Princeton University) e Richard Layard (London
School of Economics) publicaram no Financial Times de 27 de Junho um manifesto (“A Manifesto for economic sense”) que importa considerar como um importante
contributo para que a profissão e a teoria que em torno dela agita as ideias se
reorientem para uma política económica ajustada à dimensão global da crise
prolongada que vivemos.
A este manifesto não será seguramente estranha a recente
viagem de Krugman a Londres para conferências sobre este tema. Não é por acaso
que Londres surge no foco da divulgação do manifesto. A situação atual da
economia britânica é bem o espelho do “non-sense” da política económica e monetária
do governo de Cameron e Osborne, aliás já profusamente questionada por
analistas insuspeitos na sua relação política com os conservadores, como Martin
Wolf.
O manifesto é um texto muito simples como convém nestas
coisas, sendo estruturado a partir da desmontagem das ideias feitas quanto aos
seguintes tópicos: as causas do prolongamento da crise e a sua relação com o
ambiente de 1930; a natureza da crise atual; a resposta apropriada que é necessário
desenvolver; o erro associado ao mito da austeridade expansionista; o falso argumento
da recuperação da confiança com base apenas na disciplina fiscal; o argumento
retórico das reformas estruturais como panaceia para ocultar o verdadeiro
problema, uma questão de défice de procura.
Como dizia há dias Samuel Brittan no mesmo Financial Times, não é preciso ser-se esquerdista para apoiar as posições de Krugman e
neste caso do presente manifesto.
A poderosa herança da coerência do pensamento de Keynes
continua viva.
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