As expectativas são necessariamente baixas perante as três semanas
de antecipada “silly season” que vamos viver. Se ao menos os comentadores ainda
trouxessem algum sal à coisa! Mas, também aí, a tradição já não é o que era: as
cadeias televisivas oscilam hoje entre especialistas encartados e figurões
vazios, tornando saudosos os já longínquos tempos em que alguns “cromos” e “homens
bons” dominavam amadoristicamente uma locução/análise do espetáculo cujo
conteúdo resultava secundário.
Limitando-me ao espaço do grande ecrã, recordo três deles em três
brevíssimas historietas:
·
o
Gabriel Alves e a sua inesquecível referência a um determinado jogador como “a
vantagem de ter dois pés”;
·
o
Rui Tovar do golo substantivo que não pode ser adjetivado e a sua abertura das
reportagens do Mundial do México nos originalíssimos termos de um “olá
juventude, e demais escalões etários”;
·
o
mítico Alves dos Santos que, salvo erro numa final europeia (seria Berna?) em
que participava o “outro clube” – sim, isso já chegou a acontecer em meados do
século passado! –, assim descreveu o início de uma forte chuvada (a forma é
necessariamente livre e por memória): “e eis senão quando, senhores
telespectadores, se abrem as comportas do infinito e a água cai em catadupas”.
Será que não poderemos ver os jogos de Portugal com “voz-off”
proveniente da “RTP Memória”?
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