sábado, 16 de junho de 2012

ESPECIALISTAS DE AVIÁRIO


Nuno Morais Sarmento, ontem na SIC, em momento especialmente certeiro: “Eu não sabia que havia tantos políticos em Portugal ou analistas políticos especialistas em matéria económica, francamente não sabia. O comissário Olli Rehn diz qualquer coisa, pois temos uma análise por não sei quantos voluntários; a Itália está pressionada, a Espanha pede resgate e nós temos comentadores e analistas políticos variadíssimos – nunca tantos como agora – a fazer análise económica.”

Ao que juntou: “E eu, francamente, quando os oiço, na maioria dos casos, acho que não estão a dizer rigorosamente nada e com isso não estão a esclarecer ninguém. Como digo, fala-se de economia e temos um conjunto de políticos e de analistas políticos – para não dizer comentadores políticos – imediatamente transvestidos de economistas de segunda categoria a dizer uma série de lugares comuns com um ar doutoral sobre matéria à qual poderiam pura e simplesmente dizer aos autos ‘não sei, não sou um especialista de economia’. E eu devo dizer que tenho ponderado isto, ao longo das semanas tenho evitado – e evitei hoje – entrar num pretenso – porque de pretensiosismo se trataria – comentário de especialista económico – que não sou.”

E ainda, concretizando um pouco mais: “Quando eu oiço do Luis Marques Mendes ao Marcelo Rebelo de Sousa, ao Miguel Sousa Tavares, ao Francisco Assis, enfim à generalidade dos comentadores políticos a não terem a noção que estão a passar a barreira do seu conhecimento e a entrar em matérias para as quais a preparação deles é provavelmente menor do que a sua, eu pergunto: mas onde é que nós já estamos. Eu acho que é importante fazer esta chamada de atenção porque, a partir de certa altura, o que eu sinto quando falo com as pessoas é que este tipo de comentário – brejeiro, leve, muitas vezes superficial, a repetir aquilo que lemos nos jornais ou nas revistas da especialidade mas a que não acrescentamos nenhum valor próprio nem nenhum valor acrescentado na nossa opinião -, eu acho que isso neste momento está a contribuir para confundir as pessoas, para fartar as pessoas de realidades que são realidades que impactam e vão impactar mais no dia-a-dia de cada um de nós mas que, tratadas assim, apenas levam não a um esclarecimento mas a um afastamento das pessoas relativamente à comunicação social.”

Perdoai-lhes, Senhor…

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