Nuno Morais Sarmento, ontem na SIC, em momento especialmente certeiro: “Eu não sabia que havia tantos políticos em Portugal ou analistas políticos especialistas em matéria económica, francamente não sabia. O comissário Olli Rehn diz qualquer coisa, pois temos uma análise por não sei quantos voluntários; a Itália está pressionada, a Espanha pede resgate e nós temos comentadores e analistas políticos variadíssimos – nunca tantos como agora – a fazer análise económica.”
Ao que juntou: “E eu, francamente,
quando os oiço, na maioria dos casos, acho que não estão a dizer rigorosamente
nada e com isso não estão a esclarecer ninguém. Como digo, fala-se de economia
e temos um conjunto de políticos e de analistas políticos – para não dizer comentadores
políticos – imediatamente transvestidos de economistas de segunda categoria a
dizer uma série de lugares comuns com um ar doutoral sobre matéria à qual
poderiam pura e simplesmente dizer aos autos ‘não sei, não sou um especialista
de economia’. E eu devo dizer que tenho ponderado isto, ao longo das semanas
tenho evitado – e evitei hoje – entrar num pretenso – porque de pretensiosismo
se trataria – comentário de especialista económico – que não sou.”
E ainda, concretizando um pouco mais: “Quando
eu oiço do Luis Marques Mendes ao Marcelo Rebelo de Sousa, ao Miguel Sousa
Tavares, ao Francisco Assis, enfim à generalidade dos comentadores políticos a
não terem a noção que estão a passar a barreira do seu conhecimento e a entrar
em matérias para as quais a preparação deles é provavelmente menor do que a
sua, eu pergunto: mas onde é que nós já estamos. Eu acho que é importante fazer
esta chamada de atenção porque, a partir de certa altura, o que eu sinto quando
falo com as pessoas é que este tipo de comentário – brejeiro, leve, muitas
vezes superficial, a repetir aquilo que lemos nos jornais ou nas revistas da
especialidade mas a que não acrescentamos nenhum valor próprio nem nenhum valor
acrescentado na nossa opinião -, eu acho que isso neste momento está a
contribuir para confundir as pessoas, para fartar as pessoas de realidades que
são realidades que impactam e vão impactar mais no dia-a-dia de cada um de nós
mas que, tratadas assim, apenas levam não a um esclarecimento mas a um
afastamento das pessoas relativamente à comunicação social.”
Perdoai-lhes, Senhor…
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