Mergulhados na crise e nas agruras de um quotidiano deprimente, temos por vezes necessidade de tirar umas horas para desligar. Este “Viagem a Tralalá” de Wladimir Kaminer – o russo que adotou Berlim, esse mesmo que escreveu o excelente “Russendisko: Discoteca Russa” – serve tal desiderato à perfeição. Embora seja altamente redutor ficarmo-nos por aí na sua apreciação.
Arranca com o sonho da absoluta liberdade de circulação para quem
“nasceu num país doentiamente obcecado por fronteiras” e desenrola-se
vertiginosamente em torno de narrativas deliciosas, do degredo do tio Boris no
Cazaquistão à sua viagem a Paris, do desencanto da América a uma pequena aldeia
da Crimeia hoje ucraniana, das difíceis boleias dinamarquesas ao ciclista verde
na Sibéria.
Onde se fala também de uma Paris-Londres nas estepes de Stavropol,
do fracassado primeiro McDonald’s na praça Puschkin, da imperdível “Escrava
Isaura” para o filho de Josef Beuys, da mítica “cidade livre de Christiania” em
Copenhaga ou da hospitalidade imprevista de Svetlogorsk.
São duas horas muito bem passadas…
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