Do Banco de Portugal espera-se competência de regulação e
supervisão e conhecimento sólido para orientar a chamada desalavancagem do
sistema bancário nacional de modo a tornar o mais rápida possível a recuperação
da fluidez de financiamento da economia nacional, sobretudo do ponto de vista
da sua transição para um novo modelo de crescimento, mais claramente baseado
nos transacionáveis.
Nesta perspetiva, sob a presidência de Carlos Costa,
particularmente conhecedor do enviesamento estrutural da economia portuguesa
que precedeu o impacto que nela produziram primeiro a crise da economia mundial
e depois a crise das dívidas soberanas, a atuação do Banco de Portugal está ao
nível dessas exigências e constitui por si só um fator de conforto.
Mas como elemento do Eurosistema, é também essencial
acompanhar o pensamento do seu Governador nas suas expressões para o exterior,
mesmo que se compreenda que um Banco Central de um país sob resgate financeiro
não pode deixar de respeitar alguma moderação de posições, não comprometendo os
equilíbrios internos daquele sistema centrado na ação do BCE.
Também nesta frente há notícias de conhecimento promissor
e fundamentado, o que também não deixa de ser reconfortante para quem na
profissão segue com mais atenção estas coisas.
Estou a referir-me à participação de Carlos Costa na 18ª edição da Conferência de Montreal em 11 de Junho (disponível em inglês), na qual apresentou uma
comunicação designada de “Constrangimentos Orçamentais e Crescimento Económico:
a procura de um equilíbrio”.
Destaco duas dimensões diferenciadas nessa comunicação.
Em primeiro lugar, a intervenção do Governador é uma
excelente síntese do estado da arte da teoria económica, sobretudo dos
mecanismos através dos quais pesos elevados da dívida pública no PIB podem
comprometer a sustentabilidade do crescimento económico.
Depois, Carlos Costa debruça-se sobre a complexa questão
do equilíbrio possível entre consolidação fiscal e crescimento económico e
essencialmente sobre a delicada linha de marcação do equilíbrio possível entre
os dois objetivos, concluindo que essa definição pertence essencialmente ao domínio
do juízo prático. A este juízo não serão indiferentes as condições concretas da
economia em questão e das razões que conduziram às exigências de consolidação
fiscal (ver post anterior sobre a Letónia e a Cartilha). Há uma expressão que
ressalta do texto que é a de “austeridade inteligente”, combinada com políticas
para estimular o crescimento a longo prazo e a necessidade absoluta de reduzir
sensivelmente a interdependência entre as crises soberanas e a banca.
Na parte final da sua intervenção, Carlos Costa reflete
sobre questões do foro institucional e compromete-se claramente com a defesa da
criação para a zona euro de uma união bancária, “como um passo intermédio e
necessário para ultrapassar a fragmentação da união monetária e a insuficiência
da transmissão da política monetária”. Que me recorde é a primeira posição
oficial em Portugal de adesão à criação da união bancária.
António Figueiredo,
ResponderEliminarMuito boa noite, como esta? O meu nome é Pedro e gostaria de lhe fazer uma pergunta...quem é ou quem são os donos do Banco de Portugal???
Muito obrigado, uma boa noite
Pedro