Há pouco mais de
quinze dias, o Banco Nacional da Grécia divulgou um relatório de 16 páginas em
que afirmava que o risco de uma saída da Grécia do Euro já não era apenas uma possibilidade
teórica e avisava de que esse passo teria implicações dramáticas – “uma saída
do Euro conduziria a um significativo declínio dos padrões de vida dos cidadãos
gregos”. Que quantificava: o rendimento médio baixará cerca de 55%, a moeda
nacional será desvalorizada em 65%, o PIB baixará 22%, a taxa de desemprego
passará a ser de 34% e a inflação atingirá os 30%.
Em Dezembro de 2011, a equipa de Mark Cliffe no ING
produziu um relatório (“EMU Break-up – Pay Now, Pay Later”) em que simulava
dois cenários extremos (o modelo ING permite obter
projecões para um horizonte de ajustamento de 5 anos e para variáveis como o crescimento real do PIB, a taxa de desemprego, a taxa de inflação, taxas de juro, taxas de
câmbio, preços no mercado
imobiliário e cotação do barril de petróleo): o primeiro, “soft”, em que apenas a Grécia abandonaria unilateralmente
a Zona Euro mas num contexto ordenado e assistido; o segundo, “hard”, em que admite
o colapso total do euro e a adoção de uma nova moeda nacional por cada
um dos 17 Estados membros.
Uma comparação entre os dois cenários, utilizando
como variável de referência a evolução do PIB, mostra que o primeiro cenário se
saldaria por uma marcada concentração dos impactos na Grécia (forte recessão,
em torno dos -10,5% de crescimento) e que o segundo implicaria efeitos
recessivos em toda a Zona Euro (de -7% na Alemanha a -13% na Grécia). De notar,
ainda, que a quebra acumulada da Zona
Euro surge estimada, neste último caso de contágio máximo, entre 14 a 15% (equivalentes
a cerca de 1,2 a 1,4 biliões de euros) para os 5 anos do horizonte de
ajustamento.
Por fim, Jill Treanor sintetizava no “The Guardian”
de ontem os cenários apontados pela “Aviva Investors” em relação a este tema do
momento (“Greek euro exit: some
scenarios”). Nos termos reproduzidos no quadro seguinte:
Retenhamos a síntese das sínteses: um cenário de
manutenção da Grécia no Euro poderia levar a um custo de 134 mil milhões de
euros (renegociações compensatórias em nome do bom comportamento) mas uma saída
ordenada já conduziria a multiplicar esse custo pelo fator 2,5 (332 mil milhões)
e uma expulsão da Grécia mais do que decuplicaria este último custo (3,5
biliões).
Julgo-me dispensado de tentar refletir estes e
outros números em termos de dramas sociais e pessoais. Para dizer o mínimo…
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