A ida a Monforte de Lemos faz parte da vida de andarilho
de consultor. Apresentar um trabalho, simplesmente. Mas também oportunidade de
mergulhar numa cidade da Galiza interior, de cunho fortemente medieval, cidade
tipicamente de serviços e turismo de interior, à qual pretende juntar-se uma
dimensão logística de articulação com a Meseta.
Mas Monforte de Lemos, como local de reunião entre
tantas, fica, porém, ligada a duas constatações que vale a pena partilhar.
Primeiro, na sequência do trabalho apresentado com
colegas galegos para o Eixo Atlântico, a perceção clara que as duas economias,
galega e nortenha, experimentam neste momento os efeitos de territorialização
de uma crise, que corre o risco de se transformar numa teimosia demencial de
evolução para o suicídio. Mas tenho hoje a perceção de que há uma diferença
essencial entre as duas regiões. É que, apesar da crise, a presença do
investimento público, regional e do Estado espanhol, em território galego é
ainda muito forte. O que contrasta com a exiguidade do investimento público a
norte. A suspensão do túnel do Marão é simbólica dessa paragem.
Depois, a notícia que tive, com origem na direção do Eixo
Atlântico, que está já em funcionamento (alegadamente desde 1 de Outubro) a
interoperabilidade dos serviços de teleportagem (vias verdes e similares) entre
Portugal e Espanha com início em território galego e e nortenho. Dou por
verdadeira a notícia com origem no Eixo Atlântico. E não posso deixar de me
surpreender. A ser verdade, trata-se de iniciativa pioneira em absoluto na União
Europeia que poderia ter evitado a enorme trapalhada que o governo PS e seus
prolongamentos não acautelou com o bizarro método de pagamento das portagens
eletrónicas nas SCUT. E nesse caso custa-me acreditar que o governo atual nem
uma simples nota de imprensa se dignou transmitir sobre o início da
interoperabilidade. Não será isto um símbolo da enorme desorientação que reina
no Governo?
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