Ontem à noite, em
entrevista a António José Teixeira na SIC-N, Jorge Sampaio falou. Começou por
dizer: “Já toda a gente percebeu que isto não dá tempo
possível, que a austeridade rebenta com o País, rebenta com os portugueses,
rebenta com a sua esperança e rebenta com os direitos. E pode rebentar com a
própria democracia, e isso temos de evitar porque temos de reconduzir
constantemente os movimentos às instituições; é esse o trabalho de interação
que tem que se verificar.”
Prosseguiu, depois: “Eu não entro no jogo ‘não dura até às eleições autárquicas”, ‘não dura até depois do orçamento’, eu isso não sei, não quero dizer, não faço ideia. Que, a continuar, tem que emendar a sua maneira de ser. Participar com as pessoas – então este Governo goza de maioria absoluta, tem um acordo social como tem e não lhes diz nada sobre aquilo que vai propor!... Quando lá fora é louvado este consenso, como se este consenso fosse um consenso trabalhado; este consenso era de verniz porque estalou à mais pequena modificação que teve que acontecer sem aviso prévio – muito bem comportados têm sido os parceiros sociais, uns e outros!”
Observou ainda: “Este Governo saiu de umas eleições no ano passado, tem um ano e pouco. Eu tenho alguma infeliz experiência do que são quedas de governos, de minoritários, isto tudo é uma coisa que, sob uma intervenção estrangeira de credores que se chama – para dourar – o processo de ajustamento, obviamente necessário e inevitável dadas as situações que se foram encontrando, nós temos que encontrar soluções políticas, temos que reconduzir à movimentação do atores e do sistema político para poderem encontrar respostas para isto do ponto de vista constitucional. E por isso é que, se é importante perceber o estado geral das pessoas, isto está a acelerar-se a uma velocidade vertiginosa. Ninguém há um mês poderia dizer que tinha manifestações sucessivas, muitas ordeiras, criadores de cultura na rua, 5ª Sinfonia na Praça de Espanha, bem, isto são coisas novas na vida portuguesa. Porquê? Porque há o caminho que pode deslizar para um certo desespero. E, portanto, a democracia tem que responder com ideias, com aberturas partidárias… Os partidos são indispensáveis, mas não são indispensáveis no sentido que se não arrepiam, se não se reformam, se não reformulam a sua maneira de atuar, se não estão próximos das pessoas, ai a democracia corre… – eu não quero dramatizar, mas a democracia necessita de uns partidos modernos, que percebam qual é o diálogo a ter com as pessoas… E, pior do que isso tudo, a manifestação de um milhão de pessoas veio trazer, digamos assim, aquilo que é o desprezo por aquele tal dique que existia que é ‘nós temos de ter austeridade’; e, de repente, a austeridade como necessidade caiu, ora ela é necessária.”
E rematou: “O que eu digo é que, a continuarmos assim, é inevitável que isto venha a cair por pressões as mais diversas. Agora, há maneira de tentar dizer ‘meus senhores, ordem nisto’, quer dizer, isto não é possível fazer assim. Mas desde que se abra um trabalho com os parceiros sociais, com os atores sociais vários, com os jovens que andam por aí e com o partido principal da oposição, uma vez que infelizmente o Bloco de Esquerda e o PCP estão fora deste esquema. (…) A segunda [hipótese] é o senhor Presidente dizer: ‘temos que encontrar aqui uma solução’. (…) Suponha você que eu estava no Palácio de Belém, chamava os três. Um de cada vez e de pois em conjunto, dizia: ‘meus amigos, então como é que estamos?’ Nós não podemos continuar sem negociar com a Europa em função da necessidade de cumprirmos, mas termos mais tempo e porventura mais dinheiro (…). Não é mais tempo para andar a brincar outra vez ao despesismo, mas é mais tempo para podermos respirar.”
Sempre muito comedido e seletivo em matérias de Estado, Jorge Sampaio (abaixo caricaturado por Fernão Campos em http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt) sentiu o dever de responder à chamada. Caldeando judiciosamente equilíbrio e firmeza, visando servir como sempre… Será que a “cavacal figura” ainda precisa que mais alguém lhe faça mais desenhos para se pôr a “dar corda aos vitorinos”?
Prosseguiu, depois: “Eu não entro no jogo ‘não dura até às eleições autárquicas”, ‘não dura até depois do orçamento’, eu isso não sei, não quero dizer, não faço ideia. Que, a continuar, tem que emendar a sua maneira de ser. Participar com as pessoas – então este Governo goza de maioria absoluta, tem um acordo social como tem e não lhes diz nada sobre aquilo que vai propor!... Quando lá fora é louvado este consenso, como se este consenso fosse um consenso trabalhado; este consenso era de verniz porque estalou à mais pequena modificação que teve que acontecer sem aviso prévio – muito bem comportados têm sido os parceiros sociais, uns e outros!”
Observou ainda: “Este Governo saiu de umas eleições no ano passado, tem um ano e pouco. Eu tenho alguma infeliz experiência do que são quedas de governos, de minoritários, isto tudo é uma coisa que, sob uma intervenção estrangeira de credores que se chama – para dourar – o processo de ajustamento, obviamente necessário e inevitável dadas as situações que se foram encontrando, nós temos que encontrar soluções políticas, temos que reconduzir à movimentação do atores e do sistema político para poderem encontrar respostas para isto do ponto de vista constitucional. E por isso é que, se é importante perceber o estado geral das pessoas, isto está a acelerar-se a uma velocidade vertiginosa. Ninguém há um mês poderia dizer que tinha manifestações sucessivas, muitas ordeiras, criadores de cultura na rua, 5ª Sinfonia na Praça de Espanha, bem, isto são coisas novas na vida portuguesa. Porquê? Porque há o caminho que pode deslizar para um certo desespero. E, portanto, a democracia tem que responder com ideias, com aberturas partidárias… Os partidos são indispensáveis, mas não são indispensáveis no sentido que se não arrepiam, se não se reformam, se não reformulam a sua maneira de atuar, se não estão próximos das pessoas, ai a democracia corre… – eu não quero dramatizar, mas a democracia necessita de uns partidos modernos, que percebam qual é o diálogo a ter com as pessoas… E, pior do que isso tudo, a manifestação de um milhão de pessoas veio trazer, digamos assim, aquilo que é o desprezo por aquele tal dique que existia que é ‘nós temos de ter austeridade’; e, de repente, a austeridade como necessidade caiu, ora ela é necessária.”
E rematou: “O que eu digo é que, a continuarmos assim, é inevitável que isto venha a cair por pressões as mais diversas. Agora, há maneira de tentar dizer ‘meus senhores, ordem nisto’, quer dizer, isto não é possível fazer assim. Mas desde que se abra um trabalho com os parceiros sociais, com os atores sociais vários, com os jovens que andam por aí e com o partido principal da oposição, uma vez que infelizmente o Bloco de Esquerda e o PCP estão fora deste esquema. (…) A segunda [hipótese] é o senhor Presidente dizer: ‘temos que encontrar aqui uma solução’. (…) Suponha você que eu estava no Palácio de Belém, chamava os três. Um de cada vez e de pois em conjunto, dizia: ‘meus amigos, então como é que estamos?’ Nós não podemos continuar sem negociar com a Europa em função da necessidade de cumprirmos, mas termos mais tempo e porventura mais dinheiro (…). Não é mais tempo para andar a brincar outra vez ao despesismo, mas é mais tempo para podermos respirar.”
Sempre muito comedido e seletivo em matérias de Estado, Jorge Sampaio (abaixo caricaturado por Fernão Campos em http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt) sentiu o dever de responder à chamada. Caldeando judiciosamente equilíbrio e firmeza, visando servir como sempre… Será que a “cavacal figura” ainda precisa que mais alguém lhe faça mais desenhos para se pôr a “dar corda aos vitorinos”?
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