Confesso que não tenho tido
pachorra e capacidade de resistência ao sono para seguir em direto os debates Obama-Romney,
embora tenha lido transcrições dos mesmos e compreenda bem as diferenças que vão
bem para além da oposição “democratas versus republicanos”.
O meu objetivo é centrar-me no que
está em causa na escolha eleitoral americana em matéria económica e no que isso
pode representar de decisivo para os rumos da política económica para a
economia mundial. Isto não significa que não existam outras matérias-chave na
eleição americana, por exemplo na política externa. Mas nesta última matéria, a
prestação de Romney foi tão má e vazia que o mundo deve recear ter um
Presidente como Romney a discutir e decidir coisas desta natureza.
Afinal, a economia americana
acolhe três das questões cruciais com que uma fração significativa da economia
mundial se confronta e sobre as quais existe uma forte conflitualidade em matéria
de propostas de política económica: (i) o combate à elevada taxa de desemprego;
(ii) o controlo do défice público, tendo em vista a gestão da dívida pública;
(iii) a passagem a um estádio de crescimento menos anémico e mais promissor a
longo prazo.
Chamo aqui a atenção para mais uma
conferência de Christina Romer, de grande clareza, honesta na forma como coloca
as alternativas em jogo, apesar de ter sido uma conselheira influente do
Presidente Obama (chefiando o Grupo de Conselheiros), vendo bem não tão
influente como desejaria pois não conseguiu impor o estímulo fiscal na
magnitude que pretendia.
O conhecimento de Christina Romer
sobre os mecanismos das crises passadas, designadamente da Grande Depressão de
1930, coloca-nos perante o confronto de situações que não teríamos o topete de
poder comparar. Mas tudo indica que temos de levar mais a sério os ensinamentos
da Grande Depressão.
Aliás, como tema para próximos posts, a eleição americana prolonga do
ponto de vista político o debate sobre as potencialidades do estímulo fiscal em
contexto de taxas de juro quase nulas. A relevância do contexto das taxas de
juro quase nulas foi desvalorizado pelos adversários do estímulo fiscal e essa
desvalorização tem sido fonte de erros perigosos de política económica. A
retomar em cenas seguintes.
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