quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O QUE ESTÁ EM CAUSA NAS ELEIÇÕES AMERICANAS



Confesso que não tenho tido pachorra e capacidade de resistência ao sono para seguir em direto os debates Obama-Romney, embora tenha lido transcrições dos mesmos e compreenda bem as diferenças que vão bem para além da oposição “democratas versus republicanos”.
O meu objetivo é centrar-me no que está em causa na escolha eleitoral americana em matéria económica e no que isso pode representar de decisivo para os rumos da política económica para a economia mundial. Isto não significa que não existam outras matérias-chave na eleição americana, por exemplo na política externa. Mas nesta última matéria, a prestação de Romney foi tão má e vazia que o mundo deve recear ter um Presidente como Romney a discutir e decidir coisas desta natureza.
Afinal, a economia americana acolhe três das questões cruciais com que uma fração significativa da economia mundial se confronta e sobre as quais existe uma forte conflitualidade em matéria de propostas de política económica: (i) o combate à elevada taxa de desemprego; (ii) o controlo do défice público, tendo em vista a gestão da dívida pública; (iii) a passagem a um estádio de crescimento menos anémico e mais promissor a longo prazo.
Chamo aqui a atenção para mais uma conferência de Christina Romer, de grande clareza, honesta na forma como coloca as alternativas em jogo, apesar de ter sido uma conselheira influente do Presidente Obama (chefiando o Grupo de Conselheiros), vendo bem não tão influente como desejaria pois não conseguiu impor o estímulo fiscal na magnitude que pretendia.
O conhecimento de Christina Romer sobre os mecanismos das crises passadas, designadamente da Grande Depressão de 1930, coloca-nos perante o confronto de situações que não teríamos o topete de poder comparar. Mas tudo indica que temos de levar mais a sério os ensinamentos da Grande Depressão.
Aliás, como tema para próximos posts, a eleição americana prolonga do ponto de vista político o debate sobre as potencialidades do estímulo fiscal em contexto de taxas de juro quase nulas. A relevância do contexto das taxas de juro quase nulas foi desvalorizado pelos adversários do estímulo fiscal e essa desvalorização tem sido fonte de erros perigosos de política económica. A retomar em cenas seguintes.

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