O gráfico acima, repetidas vezes
invocado por Bradford DeLong, um economista de referência frequente neste
blogue, pretende ilustrar em que medida a dimensão cíclica e conjuntural de uma
crise se pode transformar num fenómeno estrutural.
O quadro de referência é o da
economia americana. O gráfico mostra que o comportamento dos indicadores “Emprego/população”
(em estagnação) e “taxa de participação no mercado de trabalho” (em queda
pronunciada) pode conduzir a prazo a uma transformação do desemprego provocado
pela situação conjuntural (o chamado desemprego cíclico) em desemprego
estrutural.
Não está aqui em causa se a
economia americana é uma espécie de farol que pode explicar a extensão do fenómeno
a outras economias.
O que me interessa destacar é que
a autocrítica do FMI é simplesmente a ponta de um iceberg de maior magnitude. O que o FMI veio dizer é que
subvalorizou a dimensão recessiva e de destruição de recursos dos programas de
ajustamento e consolidação fiscal que tem patrocinado. Mas isso é apenas uma
dimensão do problema. O outro problema, que sobreagrava o primeiro, resultará
dos impactos estruturais de uma crise recessiva demasiado prolongada e o que
eles poderão representar em termos de crescimento económico futuro fortemente
abaixo do crescimento potencial da economia portuguesa. A retórica das reformas
estruturais não passa disso. Os efeitos estruturais do prolongamento anómalo e
punitivo da crise recessiva, esses sim, não são retórica, são efeitos antecipáveis
da miopia reinante a nível nacional e ainda a nível europeu.
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