quarta-feira, 3 de outubro de 2012

UMA AUSTERIDADE INTELIGÍVEL


François Hollande apresentou o seu primeiro orçamento. Que, apesar de ser obra desprezível de um francês e socialista (leia-se: palavroso e despesista), poderá justificar alguma atenção pelas sólidas indicações que deixa a duas semanas de ser divulgado o nosso troiko-gaspariano documento orientador. 

O dito orçamento inscreve-se numa incorporação do compromisso de Sarkozy quanto a um défice público reduzido a 3% em 2013. Para o que se propõe que o país realize um esforço suplementar de 30 mil milhões de euros (clicar sobre a infografia acima, extraída do Le Monde”), na seguinte proporção: um terço do lado da despesa e dois terços do lado da receita.

No que à primeira diz respeito, os principais cortes ocorrerão no funcionamento (leia-se: nas famosas gorduras e custos intermédios, lembram-se?) e na área da defesa, estimando-se paralelamente que a diminuição de efetivos se limitará a pouco mais de um milhar de postos de trabalho e que o conjunto das despesas sociais e económicas apenas contribuirá com 20% do valor total a subtrair.

Quanto ao aumento das receitas (leia-se: de coleta de impostos que não quase somente limitada ao IVA e ao IRS a universo tributário constante), o interessante começa por estar numa repartição equitativa entre as empresas e as famílias. Sendo ainda que se verificará uma clara discriminação em detrimento das grandes empresas (vs. PME’s) e dos cidadãos mais favorecidos (incluindo um alinhamento da fiscalidade dos rendimentos do capital em relação à dos rendimentos do trabalho e um largo conjunto de medidas que se estendem até uma simbólica contribuição excecional de solidariedade de 75% dos rendimentos superiores a 1 milhão de euros anuais).

Mesmo salvaguardadas as devidas e enormes distâncias, há comprovadamente por aí bons exemplos concretos com que aprender…

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