As eleições regionais em Espanha,
na Galiza e no País Basco podem ser consideradas como o resultado de uma crónica
anunciada.
Na Galiza, o PP pela mão de Feijóo
reforça a sua maioria absoluta, aumentando o número de deputados de 38 para 41.
O PSOE galego afunda-se, perdendo 7 deputados, bem como o Bloco Nacionalista
Galego que perde 5 deputados. Reaparece a personalidade Xosé Manuel Beiras com
a sua aliança nacionalista com a Esquerda Unida (9 deputados) superiorizando-se
à sua antiga força política BNG. Na Galiza não funcionou pois a tentativa de
colar o PP galego às desventuras de Rajoy. O bloco nacionalista fraturou-se,
com consequências imprevisíveis sobre o seu futuro, mesmo que possamos
reconhecer a aguerrida presença de Beiras, que promete uma presença à sua velha
maneira no Parlamento galego. Se há que reconhecer a força profunda do PP na
Galiza, apesar da sua dimensão progressivamente urbana, e a habilidade política
de Feijóo em não deixar-se colar excessivamente à questão nacional, o que sai de
verdadeiramente relevante das eleições galegas é a vacuidade do PSOE, a sua não
recuperação de uma legislatura perdida no tempo da presidência de Emílio Pérez
Touriño. Mas se o PSOE galego se confronta ele próprio com as sombras da sua
mais recente passagem pelo poder na Galiza, os resultados anunciam também a
vacuidade do projeto PSOE a nível nacional. Imagino que as futuras eleições na
Catalunha vão afundar ainda mais esta herança, aliás sugeridas já há longo
tempo pela dificuldade evidenciada pelas sondagens, nas quais o PSOE não se
aproxima de um PP em navegação encapelada.
No País Basco, num cenário sem
ETA, o PNV (Partido Nacionalista Basco) ganha embora perdendo 3 deputados, colhendo
porventura voto útil de eleitorado PSOE e PP, enquanto que a independentista EH
Bildu tem uma ascensão algo meteórica (de 5 para 21 deputados). O PSOE e
socialistas bascos afundam-se, com uma perda de 9 deputados e o PP tem uma
queda mais ligeira de 3 deputados. Não imagino como a não maioria absoluta vai
ser gerida, se através de um acordo ou coligação de governo regionalisto-independentista
ou se pelo contrário com acordos parlamentares com o PSOE. De qualquer modo,
PNV + Bildu > PSOE + PP.
Onde está então a crónica
anunciada?
Perante a vacuidade do PSOE e das
suas emanações regionais não comprometidas com visões próximas do
independentismo ou nacionalismo regional, a ameaça política que paira sobre o
PP não decorre neste momento de uma alternativa de governação a partir de
Madrid. A ameaça vem do facto do espaço de capitalização das agruras
governativas do PP estar a ser ocupado pelas forças regionalistas mais próximas,
embora não totalmente coincidentes no seu todo, com o independentismo. Citando
Laura Mitegui (Bildu): “o caminho para pensar o País Basco como um país não tem
recuo possível”. O próximo ato das eleições na Catalunha confirmará
provavelmente esta crónica anunciada, para a qual a realidade intrínseca do PP
não estará preparada.
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