Mais um interessante artigo de Wolfgang
Munchau no “Financial Times”. Cobrindo assuntos muito relevantes de modo assaz imaginativo,
recheado de postulados e pronunciamentos apelativos e/ou hiperbólicos.
Comecemos com duas máximas forçadamente
provocatórias:
·
A propósito do “espantoso
espetáculo das negociações orçamentais da UE”, a ideia de que se observa uma
relação inversa entre os montantes monetários em causa e o tempo gasto em
negociações.
·
A propósito do “programa
essencialmente dececionante” do mercado único, a opinião de que a sua função
mais útil passará por servir de mote a discursos de após-jantar.
Continuemos com as duas funções a que estará
reduzida a atual expressão da UE:
·
Fornecer à Zona Euro um enquadramento
institucional e legal favorável a um continuado marcar passo na procura de
soluções para a crise.
·
Servir de sala de espera para os
Estados membros que, ainda não pertencendo à Zona Euro, pretendam vir a
fazê-lo.
Prossigamos com duas implicações subjacentes:
·
A paradoxal situação de facto de
uma UE em que um grupo de países “outsiders” em relação à Zona Euro e já com
divórcio anunciado (Reino Unido, Suécia, Dinamarca e República Checa, em
particular) mantém insustentáveis direitos permanentes de co-decisão nas
principais instâncias europeias.
·
A marginalização da UE a expensas
da Zona Euro provoca também danos significativos em termos de outras políticas
(externa, de segurança e de alargamento, designadamente).
Concluamos com duas morais correlacionadas:
·
Uma “boutade” no sentido de que a
insistência de Cameron em congelar o orçamento europeu poderá constituir uma sabotagem
da UE que redunde num serviço objetivamente prestado à Zona Euro.
·
Uma afirmação no sentido de que
os líderes europeus não deveriam focalizar a sua atenção na macroeconomicamente
irrelevante questão orçamental mas sim no seu interesse coletivo maior de encontrarem
uma saída para a crise da Zona Euro.
Coisas sérias ditas quase a brincar…
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