Fui ver à sala escura o último de 23 filmes oficiais de James Bond
em exatamente meio século. “Skyfall” contem imensos elementos de continuidade e
algumas mudanças significativas de referencial. Sobretudo, e acompanhando um
mundo já bem distante da guerra fria e dos combates nacionalistas, o herói
evolui do protótipo do espião imperturbável e machista para uma representação
do homem mais complexo e menos seguro dos dias que vivemos.
Sam Mendes será certamente o mais completo de todos os
realizadores que já trataram Bond. Daniel Craig vai ganhando raízes num papel
que vai contornando o fantasma de Sean Connery. Enquanto Judi Dench permanece
no seu MI-6, Javier Bardem surge como um renovado vilão. A atual Londres “on a
high” é a casa de que 007 parte e a que regressa depois de Istambul ou Xangai. As
cenas íntimas têm deliberados contornos de “déjà vu”.
Uma verdadeira delícia, mostrando à saciedade que cinema também é
este conseguido tipo de compromisso entre entretenimento e qualidade…
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