Mantendo o registo da
interpretação de gráficos sugestivos, trago hoje um bem fresquinho que consta
do Boletim Estatístico do Banco de Portugal de Novembro de 2012, hoje
publicado. O gráfico diz respeito ao comportamento da taxa de variação dos depósitos
de particulares.
O comportamento da
taxa de variação revela que, no eclodir das condições difíceis de ajustamento
da economia portuguesa, ou seja entre o fim do ano de 2010 e o mês de Setembro
de 2011, a taxa de variação é positiva, anunciando o aumento dos depósitos de
particulares. Podemos considerar este movimento como uma “proxy” (variável indireta) da poupança das famílias. Podemos também
considerar que a variável pode também simbolizar (mais remotamente) a chamada
desalavancagem das famílias, reduzindo endividamento.
Mas, a partir de fins
do ano de 2011 é nítida a descida da taxa de variação, embora ainda com valores
de variação positiva. Este comportamento começa a sugerir incapacidade por
parte das famílias de reforço das suas poupanças, recorrendo pelo contrário às
mesmas para fazer face à intensificação das dificuldades e à quebra sensível do
rendimento disponível. Será mais uma indicação de que a sociedade portuguesa
começa a dar sinais óbvios não de bom comportamento, mas antes de rigidez clara
de adaptação em baixa. Seria nesta evolução que o disparatado Ulrich estaria a
pensar quando desatinou com o “Ai aguenta, aguenta”?
A título de curiosidade, repesco também um outro gráfico do Boletim de Novembro do Banco de Portugal que permite apreender a evolução do endividamento do setor privado, isolando o dos particulares.
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2904128
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