quinta-feira, 22 de novembro de 2012

POUPANÇA E DEPÓSITOS



Mantendo o registo da interpretação de gráficos sugestivos, trago hoje um bem fresquinho que consta do Boletim Estatístico do Banco de Portugal de Novembro de 2012, hoje publicado. O gráfico diz respeito ao comportamento da taxa de variação dos depósitos de particulares.
O comportamento da taxa de variação revela que, no eclodir das condições difíceis de ajustamento da economia portuguesa, ou seja entre o fim do ano de 2010 e o mês de Setembro de 2011, a taxa de variação é positiva, anunciando o aumento dos depósitos de particulares. Podemos considerar este movimento como uma “proxy” (variável indireta) da poupança das famílias. Podemos também considerar que a variável pode também simbolizar (mais remotamente) a chamada desalavancagem das famílias, reduzindo endividamento.
Mas, a partir de fins do ano de 2011 é nítida a descida da taxa de variação, embora ainda com valores de variação positiva. Este comportamento começa a sugerir incapacidade por parte das famílias de reforço das suas poupanças, recorrendo pelo contrário às mesmas para fazer face à intensificação das dificuldades e à quebra sensível do rendimento disponível. Será mais uma indicação de que a sociedade portuguesa começa a dar sinais óbvios não de bom comportamento, mas antes de rigidez clara de adaptação em baixa. Seria nesta evolução que o disparatado Ulrich estaria a pensar quando desatinou com o “Ai aguenta, aguenta”?
A título de curiosidade, repesco também um outro gráfico do Boletim de Novembro do Banco de Portugal que permite apreender a evolução do endividamento do setor privado, isolando o dos particulares.

1 comentário: