terça-feira, 13 de novembro de 2012

E A DÍVIDA PRIVADA?


Habituei-me a reconhecer a sua qualidade estudando-o regularmente na velha revista do INSEE, “Économie et Statistique”. Depois, já em Paris, cruzamo-nos esparsamente na “Sorbonne” e no CEPII. E, em todos estes anos a tal posteriores, cá o fui intermitentemente acompanhando à distância através de alguns dos variados livros que foi publicando e dos muitos artigos que foi assinando no “Le Monde”, no “Les Échos” ou na “Alternatives Économiques”.

Refiro-me a um dos mais consistentes economistas franceses da atualidade, Patrick Artus. E faço-o a propósito da exploração a que seguidamente recorrerei de um seu trabalho recente – divulgado no quadro da sua função de diretor de investigação e estudos económicos do banco de investimento Natixis e, mais concretamente, de redator da quase quotidiana e excelente “Flash Économie”.

Dias atrás, o número 761 desta publicação tinha por título “Não esquecer as dívidas privadas” e é este o meu ponto de hoje. Com efeito, já basta de um discurso repetitivo e paupérrimo tendente a concentrar, por determinantes sobretudo ideológicas, a análise da solvabilidade dos países europeus em crise no peso das respetivas dívidas públicas, quando a dívida privada (bancos, empresas e famílias) é frequentemente mais elevada e enormemente portadora de acrescidos riscos financeiros.


O quadro acima (clicar sobre a imagem para melhor visualização) resume o essencial da evidência encontrada por Artus quanto aos países em maior dificuldade em termos de endividamento privado (Espanha, Portugal, Itália e Grécia) e aos correspondentes fatores explicativos, sendo de registar neste caso que os dois países ibéricos são os únicos assinalados nas quatro rubricas retidas: risco de incumprimento dos devedores e consequente risco de falência dos bancos, racionamento do crédito, desendividamento rápido das empresas e famílias, dívida externa sobretudo explicada pela dívida privada (abaixo, alguns gráficos de suporte).


Não é tudo isto elucidativo quanto à imensa trapalhada coletiva que nos assola e à sua dramática complexidade?

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