Habituei-me a reconhecer a sua qualidade estudando-o regularmente na
velha revista do INSEE, “Économie et Statistique”. Depois, já em Paris,
cruzamo-nos esparsamente na “Sorbonne” e no CEPII. E, em todos estes anos a tal
posteriores, cá o fui intermitentemente acompanhando à distância através de
alguns dos variados livros que foi publicando e dos muitos artigos que foi
assinando no “Le Monde”, no “Les Échos” ou na “Alternatives Économiques”.
Refiro-me a um dos mais consistentes economistas franceses da
atualidade, Patrick Artus. E faço-o a propósito da exploração a que
seguidamente recorrerei de um seu trabalho recente – divulgado no quadro da sua
função de diretor de investigação e estudos económicos do banco de investimento
Natixis e, mais concretamente, de redator da quase quotidiana e excelente
“Flash Économie”.
Dias atrás, o número 761 desta publicação tinha por título “Não
esquecer as dívidas privadas” e é este o meu ponto de hoje. Com efeito, já
basta de um discurso repetitivo e paupérrimo tendente a concentrar, por
determinantes sobretudo ideológicas, a análise da solvabilidade dos países
europeus em crise no peso das respetivas dívidas públicas, quando a dívida
privada (bancos, empresas e famílias) é frequentemente mais elevada e enormemente
portadora de acrescidos riscos financeiros.
O quadro acima (clicar sobre a imagem para melhor visualização) resume o essencial da evidência encontrada por
Artus quanto aos países em maior dificuldade em termos de endividamento privado
(Espanha, Portugal, Itália e Grécia) e aos correspondentes fatores
explicativos, sendo de registar neste caso que os dois países ibéricos são os
únicos assinalados nas quatro rubricas retidas: risco de incumprimento dos
devedores e consequente risco de falência dos bancos, racionamento do crédito,
desendividamento rápido das empresas e famílias, dívida externa sobretudo
explicada pela dívida privada (abaixo, alguns gráficos de suporte).
Não é tudo isto elucidativo quanto à imensa trapalhada coletiva
que nos assola e à sua dramática complexidade?
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