O New York Times publica hoje um artigo de Joel Benenson com uma
explicação contra-a-corrente da vitória eleitoral de Obama, que vale a pena
ponderar, pois tem implicações consideráveis sobre o que se passa na Europa e
em particular nos países da Europa do sul. A tese de Benenson é aliciante: mais
do que razões demográficas foram os valores que determinaram a vitória.
Discutamos o
argumento.
As razões demográficas foram apontadas no sentido de que o partido Republicano estará a perder a ligação
às tendências do eleitorado jovem, afirmando os mais críticos que os
republicanos correm o risco de ficar afastados do poder durante largos períodos
de tempo. Em contrapartida, Obama veio trazer aos democratas uma profunda ligação
com as mulheres, as minorias (com relevo para os hispânicos) e os jovens. O
argumento é sedutor e que o digam os resultados eleitorais, com por exemplo a
vitória esmagadora de Obama entre a população hispânica e o ressurgimento da
participação dos jovens no ato eleitoral.
Mas a argumentação de
Benenson repõe a atenção nos fatores de dimensão política e nos valores que na
sociedade americana adquirem uma forte relevância no debate público:
“A vitória do presidente foi um triunfo da visão e não da demografia. Venceu
porque integrou um conjunto de valores que definem uma América em que a maioria
de nós quer viver: uma Nação que concretiza os investimentos de que precisamos
para reforçar e fazer crescer a classe média. Uma nação que tem um sistema
tributário justo, proporcionando educação excelente para todos os seus cidadãos.
Uma Nação que acredita que somos mais prósperos quando reconhecemos que estamos
todos no mesmo barco.”
Para esta visão muito contribuíram
os economistas associados designadamente ao movimento dos indignados e à grande
frente dos 99% contra os privilégios do grupo dos 1%.
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