No momento em que termina o 18º Congresso do Partido Comunista da
China, culminando uma rendição de guarda da sua cúpula dirigente que se tornou ainda
mais enigmática e chamativa por ter ocorrido em quase simultaneidade temporal
relativamente às tão mediáticas e exaustivamente escrutinadas eleições
presidenciais americanas, uma infografia do “Público” – elaborada a partir de
um relatório da OCDE, “Horizonte 2060: perspetivas de crescimento económico
global a longo prazo” – evidenciava que a China supera já este ano a Zona Euro
em termos de peso no PIB mundial, irá assumir a liderança global (ultrapassando
os EUA) até 2020 e reforçará a sua hegemonia ao longo do próximo meio século.
Também por isso Xi Jinping é simbolicamente cognominado pela imprensa
internacional como “verdadeiro mestre do mundo” (“Aujourd’hui”) ou “próximo
líder do mundo sem liberdade” (“Time”).
Mas, abstraindo desta sintomática extrapolação quantitativa, teremos
de reconhecer que são as dúvidas e incertezas que largamente prevalecem. Enquanto
a cortina política continua fechada (“The Washington Post”), a clique no poder vai
proclamando que “enriquecer é glorioso” e reproduzindo velhos vícios (“The Wall
Street Journal”), o novo número 1 (Xi Junping) é encarado como “o homem que tem
de mudar a China” (“The Economist”) e a dicotomia cooperação versus
concorrência permanece na ordem do dia da geopolítica internacional (“Handelsblatt”).
Sem falar de questões como, entre tantas, as da apetência consumista de 1,3 mil
milhões de almas, do inevitável recrudescimento de tensões entre a cidade e o
campo ou dos fortíssimos estrangulamentos energéticos e ambientais em presença.
Seja como for, está formalmente concretizada a abertura de um novo ciclo (Die Weit"). Lendo nas suas escassas "folhas de chá", dele pouco mais sobressai do que a personalidade e o estilo ocidentalizado da nova primeira-dama, a cantora popular Peng Liyuan – mera manobra de diversão ou um
possível desafio
ao “establishment”?
Sem comentários:
Enviar um comentário