quinta-feira, 15 de novembro de 2012

SOMBRAS CHINESAS

 

No momento em que termina o 18º Congresso do Partido Comunista da China, culminando uma rendição de guarda da sua cúpula dirigente que se tornou ainda mais enigmática e chamativa por ter ocorrido em quase simultaneidade temporal relativamente às tão mediáticas e exaustivamente escrutinadas eleições presidenciais americanas, uma infografia do “Público” – elaborada a partir de um relatório da OCDE, “Horizonte 2060: perspetivas de crescimento económico global a longo prazo” – evidenciava que a China supera já este ano a Zona Euro em termos de peso no PIB mundial, irá assumir a liderança global (ultrapassando os EUA) até 2020 e reforçará a sua hegemonia ao longo do próximo meio século. Também por isso Xi Jinping é simbolicamente cognominado pela imprensa internacional como “verdadeiro mestre do mundo” (“Aujourd’hui”) ou “próximo líder do mundo sem liberdade” (“Time”).


 
Mas, abstraindo desta sintomática extrapolação quantitativa, teremos de reconhecer que são as dúvidas e incertezas que largamente prevalecem. Enquanto a cortina política continua fechada (“The Washington Post”), a clique no poder vai proclamando que “enriquecer é glorioso” e reproduzindo velhos vícios (“The Wall Street Journal”), o novo número 1 (Xi Junping) é encarado como “o homem que tem de mudar a China” (“The Economist”) e a dicotomia cooperação versus concorrência permanece na ordem do dia da geopolítica internacional (“Handelsblatt”). Sem falar de questões como, entre tantas, as da apetência consumista de 1,3 mil milhões de almas, do inevitável recrudescimento de tensões entre a cidade e o campo ou dos fortíssimos estrangulamentos energéticos e ambientais em presença.

 
 
 

 
Seja como for, está formalmente concretizada a abertura de um novo ciclo (Die Weit"). Lendo nas suas escassas "folhas de chá", dele pouco mais sobressai do que a personalidade e o estilo ocidentalizado da nova primeira-dama, a cantora popular Peng Liyuan  mera manobra de diversão ou um possível desafio ao “establishment”?
 

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