Para mal dos nossos pecados, há
três economistas feitos políticos que voltam ciclicamente ao nosso convívio não
primando pela afinação entre si. Mas, enquanto o exemplar único que está
embrulhado em pele de Gaspar constitui um centro de homotetia, os outros dois
nem consigo próprios se entendem. Senão vejamos.
Começo então pelo “muito
impressionante” ministro das Finanças, esse inabalável poço de coerência que
nos serve de bússola. E que lá foi a Berlim cumprir a nobre missão de revalidar
a sempre útil vassalagem ao seu patrono e congénere local. Queremos mesmo agradecer
imenso a compreensão do senhor?
O segundo é Álvaro, a quem parece
estar destinado o novo papel de “polícia bom”. E que, inspirado pelos quentes
ares moçambicanos, veio bradar contra a austeridade que repentinamente se lhe
revelou. Assim: “O que se está a passar
em vários países europeus mostra que a austeridade, por si só, não chega para
voltarmos a crescer. Ou seja, quem pensa que políticas de austeridade em cima
de austeridade, principalmente se for austeridade muito grande, durante muitos
anos… se não houver esses incentivos ao crescimento, nomeadamente incentivos ao
investimento, obviamente se tornará um caminho muito tortuoso e muito difícil.”
A austeridade deixou então de chegar desde quando?
Do terceiro nem é bom falar, atento o
psicótico grau de lata que o define. E disse Cavaco: “Numa altura em que urge
criar riqueza no País e gerar novas bases de crescimento económico, é
necessário olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassar os
estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria, com vista
a produzirmos em maior gama e quantidade produtos e serviços que possam ser
dirigidos aos mercados externos.” Alguém se lembra da modernizadora
terciarização do cavaquismo?
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