sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CACOFONIA

Para mal dos nossos pecados, há três economistas feitos políticos que voltam ciclicamente ao nosso convívio não primando pela afinação entre si. Mas, enquanto o exemplar único que está embrulhado em pele de Gaspar constitui um centro de homotetia, os outros dois nem consigo próprios se entendem. Senão vejamos.


Começo então pelo “muito impressionante” ministro das Finanças, esse inabalável poço de coerência que nos serve de bússola. E que lá foi a Berlim cumprir a nobre missão de revalidar a sempre útil vassalagem ao seu patrono e congénere local. Queremos mesmo agradecer imenso a compreensão do senhor?


O segundo é Álvaro, a quem parece estar destinado o novo papel de “polícia bom”. E que, inspirado pelos quentes ares moçambicanos, veio bradar contra a austeridade que repentinamente se lhe revelou. Assim: “O que se está a passar em vários países europeus mostra que a austeridade, por si só, não chega para voltarmos a crescer. Ou seja, quem pensa que políticas de austeridade em cima de austeridade, principalmente se for austeridade muito grande, durante muitos anos… se não houver esses incentivos ao crescimento, nomeadamente incentivos ao investimento, obviamente se tornará um caminho muito tortuoso e muito difícil.” A austeridade deixou então de chegar desde quando?

 
Do terceiro nem é bom falar, atento o psicótico grau de lata que o define. E disse Cavaco: “Numa altura em que urge criar riqueza no País e gerar novas bases de crescimento económico, é necessário olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassar os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria, com vista a produzirmos em maior gama e quantidade produtos e serviços que possam ser dirigidos aos mercados externos.” Alguém se lembra da modernizadora terciarização do cavaquismo?

Sem comentários:

Enviar um comentário