Ainda a propósito de certos estranhos e inclassificáveis
detalhes (?) do debate da outra noite entre Beleza e Mateus, retenho agora o
“nós temos de cumprir este ajustamento quanto mais rápido melhor” do último interveniente.
Somo-lhe a bizarra exemplificação: “alguém está numa mesa de operações a ser
sujeito a uma cirurgia; a família vem dizer ‘vamos fazer a operação durante
duas semanas’?” Passo ao lado do extraordinário “já é claro que pode ser
otimizado o ajustamento”, aliás comentado pelo primeiro interveniente a seu inconfundivel
modo (“claro que é possível fazer uma dieta à base de trouxas de ovos, mas tem
de se comer só um bocadinho de cada e não é agradável”). E assim chego ao
“homem novo” (importando uma expressão que vem de outras eras):”o que a gente
vai ter é uma nova economia (…) e um Estado muito mais responsável e muito mais
centrado naquilo que é absolutamente essencial para fazer a qualidade de vida
das pessoas”!
Recupero, em contraponto, o artigo de
Miguel Cadilhe na “Visão” da semana passada (“A questão da dívida pública”):
“Proponho uma operação de ajuda a Portugal. Autêntica ajuda, coisa que o
programa da troika não é. Honrada e
moderada ajuda. O capital é 100% reembolsável. A ajuda consiste em reconjugar
as variáveis tempo e juro: um prazo muitíssimo longo, uma baixa taxa de juro”. Ou,
ainda: “Uma parte da operação abrange a dívida à troika, ou uma sua reconversão, a fim de transpor o respetivo
capital para a nova dívida, numa renegociação de prazos e juros e,
eventualmente, de cessão de posição contratual de mutuantes. E mesmo na
antecâmara disso, há a renegociação dos atuais juros da troika.”
A dois “mentores” me confesso: quase nos põem
como tolos no meio da ponte…
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