Já não nos bastava o “ai
aguenta, aguenta”, agora temos a madame Jonet a dizer das suas. O trocadilho não
é meu, é do cada vez mais fino Bruno Nogueira, mas vem a preceito para
descrever esta situação. Isabel Jonet na sua entrevista a Ana Lourenço na SIC
Notícias dissertou sobre a pobreza em Portugal, afirmando que não há miséria no
país. Mas, não satisfeita com isso, assumiu-se como guru da mudança de
mentalidades, uma espécie de Ghandi para consumo interno, propagando o
reencontro de cada um com a frugalidade, aprendendo a viver com o mais básico.
Não há qualquer
novidade neste aparente dislate. Esta gente que respira por todos os poros a
cultura OPUS DEI, independentemente de estar ou não estar na organização, não
engana ninguém pelo menos a mim. É tudo uma questão de tempo, um deslize desta
natureza surgirá numa esquina do tempo qualquer, os valores intrínsecos não
podem ser disfarçados por mais campanha de comunicação a ajudar (o inefável
Marcelo dos domingos não se cansa de a elevar aos píncaros, ao colo da sua
influência). Pois neste caso, a confusão é absoluta. Jonet pode ter a opinião
que entender sobre as manifestações da pobreza em Portugal. Se gosta de controvérsia
que a assuma e a defenda se tiver unhas para isso. Mas neste caso o que é
preocupante é querer arvorar-se como representação da pureza de valores, dando
lições de vida e de maneira de estar aos mais pobres. Confundir questões de
sensibilização ambiental e de economia de recursos com fundamentos para a negação
das evidências da miséria equivale a respirar arrogância ética e de valores que
é incompatível com o exercício de funções na área social.
É este tipo de gente
que, em qualquer circunstancialismo histórico de suspensão da democracia,
constituirá um perigo público, pois tenderá a impor, sabe-se lá por que meios,
os seus valores a toda a comunidade. Por isso, para um mundo de gente humana e
imperfeita, com todos os seus custos, a democracia e a sua pluralidade são
indispensáveis. Espero de facto que nem tudo esteja Jonet!
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