Passei parte do dia em
Lisboa e não imaginaria que a tensão da violência viesse a ocupar a cena da greve
geral, substituindo-se a mais uma manifestação de força da CGTP. De novo, o
contexto simbólico das escadas da Assembleia serve como o detonador da violência,
aliás já anunciada em manifestações anteriores também descontroladas. Nessas
outras manifestações, a consumação da violência esteve eminente. A distância
que separa essa consumação da simples tensão é impercetível. É simplesmente o
produto do tempo em que essa tensão se prolonga. Neste caso, uma análise atenta
das imagens mostra que o prolongamento dessa tensão e o descontrolo claro da
manifestação após o abandono de cena por parte da CGTP determinariam
inevitavelmente a consumação. Como aconteceu.
Não deixa de ser irónico
que a projeção mediática da greve fique irremediavelmente refém dos símbolos
mais marcados da violência urbana, por mais que Arménio Carlos e o próprio João
Semedo se tivessem esforçado por situar a relevância da greve para além desse
simbolismo. Serão essas imagens que correrão provavelmente mundo, apelando a
uma analogia precipitada com a Atenas em chamas, Não é também por acaso que o
ministro da Administração Interna tenha insistido repetidas vezes em dissociar
plena e inequivocamente a violência observada da manifestação da CGTP.
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