quarta-feira, 14 de novembro de 2012

PARA ALÉM DA GREVE




Passei parte do dia em Lisboa e não imaginaria que a tensão da violência viesse a ocupar a cena da greve geral, substituindo-se a mais uma manifestação de força da CGTP. De novo, o contexto simbólico das escadas da Assembleia serve como o detonador da violência, aliás já anunciada em manifestações anteriores também descontroladas. Nessas outras manifestações, a consumação da violência esteve eminente. A distância que separa essa consumação da simples tensão é impercetível. É simplesmente o produto do tempo em que essa tensão se prolonga. Neste caso, uma análise atenta das imagens mostra que o prolongamento dessa tensão e o descontrolo claro da manifestação após o abandono de cena por parte da CGTP determinariam inevitavelmente a consumação. Como aconteceu.
Não deixa de ser irónico que a projeção mediática da greve fique irremediavelmente refém dos símbolos mais marcados da violência urbana, por mais que Arménio Carlos e o próprio João Semedo se tivessem esforçado por situar a relevância da greve para além desse simbolismo. Serão essas imagens que correrão provavelmente mundo, apelando a uma analogia precipitada com a Atenas em chamas, Não é também por acaso que o ministro da Administração Interna tenha insistido repetidas vezes em dissociar plena e inequivocamente a violência observada da manifestação da CGTP.

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